BORUSSIA 2 X 1 REAL MADRID: LOCOMOTIVA AMARELA ACELERA E VENCE O REAL

24/10/2012 19:29

 

Borussia Dortmund e Real Madrid se enfrentaram, em solo alemão, pela terceira rodada da fase de grupos da Champions League. Enfrentando 80.000 vozes, o time de Mourinho veio com Essien improvisado na lateral esquerda. Jurgen Klopp, em entrevista sobre a partida, comentou que o Real fica mais fraco sem Marcelo, um lateral que ataca como meia esquerda. Lembrando que Marcelo, ainda no Fluminense, fez várias partidas como meia e se saiu muito bem, até surpreendendo na época.

No plano tático e estratégico, não tivemos novidades. O Dortmund veio no seu 4-2-3-1 assimétrico e intenso, com visível estratégia de deixar o Real com a bola, dar o bote e partir com força e intensidade para o campo de ataque. A equipe de Madrid também veio no seu conhecido 4-2-3-1, com a visível estratégia de possuir a bola e aproveitar-se de sua superioridade técnica, tentando evitar que o impetuoso Borussia partisse para o ataque. Ficou visível o duelo do passe merengue contra a locomotiva amarela. Abaixo painel tático da partida:

 

Borussia no 4-2-3-1 assimétrico e Real no 4-2-3-1 agudo pela esquerda: Locomotiva amarela forçou jogo pelo lado esquerdo com Piszczek, Götze e Reus, aproveitando-se da improvisação de Essien. Real jogou apostando na posse da bola e na qualidade técnica da equipe. Porém, a intensidade da partida, imposta pelo time alemão, prejudicou o trabalho de bola do Madrid.

 

 

O Dortmund é um time que sabe jogar sem ter posse de bola, estratégia que vem sendo repetida a cada jogo. Na partida contra o City, por exemplo, o Borussia teve apenas 36% da posse de bola, o que não diminuiu seu volume de jogo ofensivo. Sem Gündogan, que voltando de contusão só entrou aos 22 da segunda etapa, quando o Borussia já vencia por 2 a 1, o time alemão executou muito bem sua estratégia de dar o bote, retomar a pelota e partir furiosamente para o ataque.  Impondo o ritmo intenso, o Dortmund ofuscou um pouco a qualidade técnica do Real.

Aos 18 minutos, Khedira saiu machucado e deu lugar para Modric.  A substituição não foi boa para o Real, muito agredido pelo time alemão e carente de uma proteção mais forte do sistema defensivo. Modric é um jogador mais ofensivo, mais de toque de bola, não de marcação. Entretanto, cabe ressaltar que a entrada do jogador tentava atender uma necessidade vislumbrada por Mourinho. O treinador português queria potencializar e acelerar a posse da bola, arma dos merengues. As duas equipes avançaram bastante a marcação, num duelo maravilhoso de imposição tática.

As opções estratégicas ficaram visíveis quando foi anunciada aos 25 minutos a posse de bola: Borussia 39% x 61% Real. A tônica era sempre essa, o Real querendo bola e o Borussia ansioso para retomar e ligar à locomotiva. Aos 35, Pepe deu uma grande ajuda a marcação adiantada do Borussia, errando mais um passe de forma grotesca. Kehl não perdoou e enfiou para Lewandoswki que fez o primeiro: 1 x 0 para o Dortmund. Entretanto, a alegria durou pouco. Aos 38, apenas três minutos depois, Cristiano Ronaldo fez um golaço tocando por cima do goleiro, após belo lançamento de Özil.

Como percebido, cada equipe marcou o gol à sua maneira. No lance do gol do Borussia, a equipe alemã estava montada para tomar a bola e acelerar. No gol do Real, o passe e a técnica foram os fatores preponderantes. O primeiro tempo foi muito intenso e interessante no aspecto tático, com bastante marcação pressão nas intermediárias. Di Maria, mais uma vez, cumpriu a dupla função de marcar e sair para o jogo com facilidade, enquanto Kehl, pela esquerda, também subia para surpreender Modric. Ao final da primeira etapa, o Borussia ficou com 44% da posse e finalizou 8 vezes. Já o Real ficou com 56% da posse e finalizou 7 vezes. Borussia se destacou pela grande marcação na intermediária ofensiva.

Na segunda etapa, uma partida completamente diferente no plano estratégico, com Klopp mudando a cara do Borussia e dificultando ainda mais a vida do Real. Primeiramente, no aspecto defensivo, o Dortmund veio marcando mais atrás e, como bem descreveu PVC, “encaixotou” o time de Mourinho. Mas, o destaque alemão na segunda etapa foi a movimentação ofensiva pela direita, aproveitando bastante a improvisação do perdido Essien, verdadeira avenida.

 


Movimentação ofensiva do Borussia que destruiu no segundo tempo: Götze e Reus, que cresceram muito na segunda etapa, alternaram constantemente de posição e foram para cima, passeando na “Avenida Essien. Foram mais de cinco infiltrações perigosas pelo setor direito da defesa do Real no segundo tempo.

 

 

Aos 18 minutos, após boa trama de Reus e Götze pela esquerda, no terceiro ataque consecutivo pelo setor, Casillas socou e a bola sobrou para Schmelzer, que marcou o segundo gol do Borussia. A opção de Klopp em forçar o ataque pelo setor esquerdo no segundo tempo era previsível. Além da improvisação de Essien, péssima escolha por sinal, por aquele lado não tinha o polivalente Di Maria, o que permitiu ao lateral esquerdo do Borussia partir mais tranqüilo para o ataque. Mourinho decepcionou um pouco nessa partida, não tirando Essien e corrigindo a flagrante fragilidade defensiva que o time apresentou no setor durante a primeira etapa.

O Real Madrid também veio diferente, um pouco mais recuado, parecendo querer recuperar a bola e ter profundidade para enfiá-la, o que não foi possível pelo encaixe da defesa alemã.  Depois que Gündogan entrou, aos 22 minutos, ficou ainda mais difícil do Real jogar. Com o ritmo caindo vertiginosamente após os 25 minutos, ficou ainda mais difícil do time espanhol trabalhar a bola. Na segunda etapa o Borussia finalizou 7 vezes, assim como o Real. A posse da bola se manteve, ficando Borussia 45% x 55% Real Madrid.

Mais uma bela atuação desse timaço alemão, que a cada partida nos prestigia com uma aula de aplicação móvel do 4-2-3-1. A mudança brusca na estratégia e a leitura circunstancial do jogo realizada pelo Dortmund foram impecáveis, o que não deixou brilhar tanto a imensa qualidade técnica do Real. Outra diferença na partida foi a participação dos laterais, muito mais efetivos no time alemão. A “locomotiva amarela” acelerou para cima do time de Mourinho e venceu o duelo diante de sua torcida. Sobre Marcelo, Klopp estava coberto de razão. Abraços!

 

 

 

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira

 

 

Tópico: BORUSSIA 2 X 1 REAL MADRID: LOCOMOTIVA AMARELA ACELERA E VENCE O REAL

Essien improvisado

Jhons Eloi | 25/10/2012

Pra mim o Borussia conseguiu a vitoria principalmente em cima do improvisado Essien.
Os dois Gols sairam do lado-esquerdo do Real.
Klopp foi muito inteligente em colocar a dobadrinha Gotze/Piszczek nas costas de Essien no ST, foi um fator essencial pra vitoria. E claro, Pepe entragando a "rapadura" tbm foi uma grande ajuda!.
O pobre Essien que so tinha jogado uma vez na posição (Sabado, contra o fraquissimo Celta), não sabia o que fazer, além de quase não subir pra apoiar, estava perdidinho na marcação. Queria ver o garoto Nacho do Real Madrid Castilla na LE!

Re:Essien improvisado

Victor Lamha de Oliveira | 27/10/2012

Grande Jhons! Como disse ao Raniery logo abaixo, a "Avenida Essien" foi fundamental para a vitória alemã. Klopp foi inteligente ao jogar no lado da improvisação, sendo que Mourinho não fez nada para se defender do óbvio. Mourinho, excelente treinador, as vezes peca pela falta de uma leitura mais rápida da partida. Abraço!

Borussia e Real

Leonardo Miranda | 25/10/2012

Vitão, verei o jogo essa semana, confesso que não acomapanho muito o Borussia...esse 4-2-3-1 é assimétrico em que lado?

Re:Borussia e Real

Victor Lamha de Oliveira | 27/10/2012

Grande Léo! Foi bom ter tocado nesse assunto. O 4-2-3-1 da seleção alemã, como disse no Debate Tático de terça, é simétrico, afinal os meias laterais se posicionam da mesma forma e o meia de criação, no caso Özil, cai pelos dois lados. Já o 4-2-3-1 do Borussia é assimétrico, porque Götze costuma cair mais pelo lado direito, enfatizando o ataque por aquele lado. Entretanto, os meias laterais trabalham da mesma forma, como na seleção da Alemanha. Abraço!

Borussia de Klopp

Raniery Medeiros | 25/10/2012

Vitão,
parabéns por mais uma belíssima análise do jogo.

Ótima postagem. Com detalhes importantes e a objetividade muito bem colocada.

O Klopp, desde que veio do Mainz - em 2008 - já apontava para uma nova forma de fazer o Dortmund jogar bola. Trouxe o ótimo Piszczek do Herta e começou o sucesso que está aí há 3 anos.

O time não joga com a posse de bola, como você muito bem colocou. Mas é rápido na retomada e em seu contra-ataque. O posicionamento do Khel retrata mt bem isso.

A inversão entre Reus e GrossKreutz confundiu a cabeça do pobre Essien. Mediante isso, o Ozil cadenciava e abria os espaços para o seu time.

Muitos passes errados de ambas as partes. O que decidiu o jogo, na minha opinião, foi o posicionamento do Gotze para jogar com o Piszczek, nas costas do Essien. Muitos lances saíram pela faixa do jogador de Gana.

Enquanto isso, o real, acostumado a ditar o jogo e dar velocidade ao mesmo, esbarrou em uma defesa bem postada por parte do dortmund em seu próprio campo de defesa.

O Madrid, que gosta de sair em blocos, perdeu isso após ser encurralado. Já o Dortmund roubava e saía em velocidade.

Destaco o Khel pelo Dortmund e o Ozil pelo Madrid.

Um jogaço.

Esse é o Borussia de Jurgen Klopp.

Abraço!

Re:Borussia de Klopp

Victor Lamha de Oliveira | 27/10/2012

Grande Rainiery! Obrigado pelo elogio parceiro! Você lembrou muito bem: Kloop iniciou a montagem desse time em 2008, o que fica visível pelo alto nível de padrão tático. A retomada da bola e a saída rápida do Borussia tem sido um ponto forte da equipe nessa fase de grupos da Champions League. Com certeza a "Avenida Essien" foi fator decisivo na vitória alemã. Abraço!

Bom Post!

Luis Fernando | 24/10/2012

Gostei. Victor, sempre relatando muito bem os jogos.

Re:Bom Post!

Victor Lamha de Oliveira | 27/10/2012

Grande Luis Fernando! Obrigado pelo elogio amigo! É uma honra recebê-lo! Abraço!

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