BRASIL 3 x 0 ESPANHA: GOLEADA E ENTREGA TOTAL MARCARAM O TETRA BRASILEIRO

01/07/2013 02:46

 

Com o Maracanã lotado, chegou a tão esperada partida entre a maior seleção da história e a melhor seleção da atualidade. Era o tik-taka de toques próximos e posse avassaladora contra o futebol mais mágico e vertical, acostumado a decidir em lances rápidos e encantadores. Habilidade e toques velozes ou posse de bola com marcação holandesa? O duelo mais esperado dos últimos anos não decepcionou, sendo tão significativo quanto à vitória histórica do Brasil.

Significativo porque delimita no futebol mundial, ao lado do êxito alemão na Champions League, os novos preceitos do futebol moderno: composição de espaços sem a bola e velocidade com ela nos pés. No plano tático, nada fora do esperado. A Seleção Brasileira veio postada no 4-2-3-1 e a Espanha no costumeiro 4-3-3. Abaixo o painel tático ilustrativo da etapa inicial. Cabe ressaltar que, também como esperado, a posse de bola ficou com a Espanha. Mas, a marcação e o empenho brasileiro surpreenderam a todos.

 

Brasil no 4-2-3-1 e Espanha no 4-3-3. A Seleção Brasileira chamou o time espanhol para ganhar campo e conseguir trabalhar a bola com talento e velocidade, principalmente nos espaços encontrados entre os laterais e os zagueiros. A intenção também era obter espaços para os lançamentos longos da dupla de zaga brasileira. Com Xavi e Iniesta muito bem marcados, a Espanha pouco criou e passou longe do vasto domínio que era esperado por muitos.

 

 

Linha de marcação brasileira posicionada atrás do meio campo com Oscar e Fred se dedicando bastante e dando o primeiro combate. O Brasil deu espaço onde podia e congestionou onde devia, não dando chance ao time de Del Bosque. Na imagem, Xavi recebe o bote de Oscar e fica sem possibilidade de trabalhar a bola com tranqüilidade.

 

 

Outro flagrante da marcação pressão do Brasil na saída de bola espanhola. Oscar ajudou muito Paulinho e Luiz Gustavo na marcação dos cerebrais Xavi e Iniesta.

 

 

O Brasil precisou de apenas um minuto para fazer o primeiro. Após lançamento longo de David Luiz, que achou Hulk livre, este tabelou com Oscar e ao receber de volta cruzou na área. Fred e Neymar brigaram pela bola com Piqué e Arbeloa. Mesmo caído, Fred conseguiu finalizar e abrir o placar. O tento logo no início tranquilizou os brasileiros e desestabilizou os espanhois. Outro detalhe desse primeiro gol é que cinco espanhois cercaram Oscar para tomar na pressão, deixando Fred e Neymar no mano a mano com Arbeloa e Piqué.

Até os 20’, só deu Brasil. Brigando muito pelo espaço e com invejável dedicação tática, a forte marcação brasileira anulou o adversário, tirando-lhe até sua maior virtude, que é a posse de bola. Os números dos citados vinte minutos iniciais apontaram 56% de posse para o Brasil, contra 44% da Espanha. E o time de Felipão também ganhou nos desarmes: 12 x 3. Tais números foram o retrato fiel da eficaz marcação canarinho. Juan Mata até procurava centralizar para abrir o corredor, mas Alba foi implacavelmente marcado por Hulk.

Cabe salientar a importância tática de Hulk no duelo de hoje. Como marcou o jogador brasileiro! Ao lado de Daniel Alves, anulou o perigoso lado esquerdo espanhol, já que Arbeloa, como sempre, ficou mais preso. Com Neymar partindo em velocidade pelo seu lado, o lateral direito da Espanha ficou ainda mais preso e inútil nas ações ofensivas. Neymar também fez a recomposição defensiva com dedicação. Todo o time brasileiro, com exceção de Júlio César, se dedicou totalmente à marcação.

A Espanha só conseguiu finalizar aos 19’, em chute de fora da área de Iniesta. A partir daí, o jogo começou a equilibrar. Aos 36’, a Espanha já tinha mais posse de bola: 59% contra apenas 41% do Brasil. Entretanto, tal posse em nenhum momento significou predomínio. Sem objetividade, a atual campeã do mundo ficava com uma posse enfadonha e distante da meta de Júlio César. Tirando um contragolpe espanhol aos 40’, que David Luiz salvou em cima da linha, a Espanha pouco produziu ofensivamente.

Aos 44’, o talento do futebol brasileiro mais uma vez falou mais alto. Novamente tocando rápido e encontrando o espaço, Neymar tabelou com Oscar que foi categórico no lance e devolveu com maestria. O novo craque do Barça não perdoou e mandou uma bomba que viajou a 110 km/h e estufou as redes de Casillas. Outro gol de canhota de Neymar, que vem a cada jogo mostrando mais precisão com a perna esquerda e um prêmio para a maiúscula atuação do Brasil no primeiro tempo.

Na segunda etapa, tivemos modificações substanciais nas duas equipes. Del Bosque colocou, ainda no reinício duelo, os jogadores Azpilicueta, Navas e Villa. Saíram Arbeloa, Mata e Torres. Já Felipão não alterou nomes, só colocando Jadson na vaga do exausto Hulk aos 26’, Jô na vaga de Fred aos 30’ e Hernanes na vaga de Paulinho aos 43’. O que foi alterado na Seleção foi o esquema tático, que passou a ser o 4-4-1-1 com Neymar de ponta lança e Oscar compondo a linha de marcação pela esquerda:

 

Painel tático da etapa complementar: A Espanha se atirou num 4-3-3 com dois ponteiros velozes e Felipão deu a resposta, alocando Oscar na linha de marcação e soltando Neymar em cima do amarelado Piqué, que acabou sendo expulso ao fazer falta por trás no craque brasileiro. O time do Brasil continuou ditando a dinâmica da partida e dando um falso espaço para a equipe espanhola. Tudo para aproveitar, com velocidade e talento, os espaços proporcionados pela frágil e apavorada defesa da tão badalada equipe adversária.

 

 

Flagrante tático do 4-4-1-1 brasileiro da segunda etapa. Na margem de campo, Felipão orquestrando sua família. A união do grupo com certeza foi um dos fatores preponderantes na conquista dessa vitória histórica.

 

 

Aos 2’, o Brasil fez o terceiro e praticamente liquidou a fatura.  Hulk deu passe na esquerda, Neymar deixou a bola passar com imensa categoria e Fred, novamente, bateu seco no cantinho, sem chances para Casillas: 3 x 0. A Espanha teve sua maior chance de diminuir aos 9’, após Marcelo cometer pênalti infantil em Navas. Mas, Sergio Ramos bateu para fora a penalidade, dificultando, ainda mais, uma possível reação da Espanha na partida. O Brasil continuou marcando forte e brigando, incansavelmente, pelos espaços em seu campo defensivo.

A expulsão de Piqué aos 22’, após falta grosseira e por trás em Neymar, somente facilitou a vida brasileira. Aos 36’, a Espanha tinha 57% da posse contra 43% do Brasil, mas perdia de 3 a 0 e não representava perigo para o gol brasileiro. Quando chegou, Júlio César garantiu com defesas seguras. Os gols do Brasil foram eivados de profundidade, verticalidade, velocidade e movimentação. Além do indiscutível talento e criatividade. Quando a maior Seleção da história do futebol, pentacampeã mundial, resolve se dedicar taticamente fica complicado. Ainda mais com o Maracanã lotado. Tenho certeza que aprenderam a lição: tem que respeitar. Abraço!

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira

 

Tópico: BRASIL 3 x 0 ESPANHA: GOLEADA E ENTREGA TOTAL MARCARAM O TETRA BRASILEIRO

Seleção Brasileira impecável!

Jhons Eloi | 01/07/2013

Gostei muita da atuação do Brasil. Partida impecável! Marcação pressão em cima do homem com a bola - forçando o erro -, compactação entre às linhas, intensidade e contragolpe mortal em cima da espaçada Espanha. Lembrou o Bayern de Munique contra o Barcelona, pelas semi-finais da Champions League.

Júlio César parece que recuperou a confiança que perdeu em 2010. Foi muito seguro, e tem tudo para ser o goleiro do Brasil na Copa. A dupla de zaga Thiago Silva e David Luiz mostrou toda a segurança de sempre. Jogaram muito! Daniel Alves e Marcelo tiveram um bom equilíbrio defensivo, sabendo subir na hora certa.

Destaque para atuação de Luiz Gustavo e Paulinho. Anularam o ponto mais forte da Espanha: Xavi e Iniesta. Oscar também fez um papel muito bom dando o combate na saída de bola, com Busquets.

E o Hulk... Espetacular! Engoliu Alba. Sequer deixou Alba subir ao ataque, e deu duas assistências pro gols do Fred em cima dele. Calou a boca de muita gente. Felipão também foi perfeito em colocar Neymar pela esquerda, explorando a fragilidade do Arbeloa. E já pode entregar a 9 pro Fred. Foi o maio benficiado com a troca do técnico.

Brasil foi perfeito, em todos os sentidos. Evoluiu bastante nessa Copa das Confederações. Se contralar o oba-oba da imprensa e torcida, vai chegar na Copa batendo de frente com Alemanha, Argentina, Espanha e outras seleções.

Ótimo texto, Victor. Abraços!

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