CHAMPIONS LEAGUE: MILAN E BARCELONA EMPATAM NO SAN SIRO

22/10/2013 21:29

 

No 16º confronto entre Milan e Barcelona pela Champions League, em jogo disputado no San Siro, Neymar reencontrou o ídolo Robinho, Balotelli, ainda sem totais condições, iniciou no banco e Kaká foi escalado como titular para liderar a equipe rossonera tecnicamente. No plano tático, Allegri postou o Milan em uma espécie de 4-1-4-1, também podendo ser interpretado como um 4-5-1, afinal formava-se uma linha de meio com cinco na marcação e somente Robinho ficava à frente. Já o Barça veio no costumeiro 4-3-3:

 

No 4-5-1 do Milan, Kaká e Birsa voltavam para marcar os laterais e compor uma linha de meio com cinco homens na marcação, como era esperado. De Jong colou em Messi, Muntari não deixava Xavi pensar e Montolivo abandonou o ataque para fechar mais o lado esquerdo do Barcelona. No 4-3-3 blaugrana faltou atitude até os 20’ da etapa inicial. Depois, o time de Martino colocou a bola no chão e mudou o posicionamento do ataque, tomando conta da partida.

 

 

O Milan dominou os 20’ iniciais, sobretudo levando perigo com Kaká e Robinho jogando bem próximos e às costas de Daniel Alves. Além das tabelas entre os brasileiros, a jogada ainda propiciava aos meias Muntari e Birsa a possibilidade de mergulhar no ponto futuro para tentar a finalização. Foi no setor esquerdo de seu ataque que o time italiano conseguiu o gol aos 9’. Após bobeada de Mascherano, Robinho roubou, tabelou com Kaká e empurrou para o fundo das redes.

 

 

Após os 20’, Kaká perdeu um pouco do ritmo na transição defensiva, o que mudou o panorama do jogo. Como o brasileiro já não conseguia acompanhar Daniel Alves com tanto afinco, Muntari teve que recuar para ajudar na cobertura do setor, até porque Messi, ao perceber o espaço, trocou de posição com Sánchez e veio buscar aproximação com Dani Alves. Com isso, Xavi e Iniesta ganharam espaço para pensar e rodar o jogo, propiciando ao Barça posse de bola superior a 60% no primeiro tempo. E foi com Messi fazendo a diagonal da direita para o centro, após receber passe açucarado de Iniesta, que o time catalão empatou a partida aos 24’. Assim como no gol do Milan, houve falha de Zapata na saída de bola, o que o Barcelona também não perdoou.

 

 

Allegri sabia que a saída para não perder, como já realizado, era congestionar o meio e não lutar pela posse, mas sim evitar suas conseqüências, tentando acelerar ao máximo com Kaká e Robinho ao retomar a bola. Assim, o Milan compactou-se em seu campo defensivo e encaixou bem sua marcação por zona, deixando o Barça com aquela posse improdutiva da bola. Os laterais milaneses ficaram postados como zagueiros. Na esquerda, por exemplo, a profundidade ficava a cargo de Robinho e Kaká.

No Barça, Neymar aproximou pouco de Messi e isso continua sendo um problema a ser trabalhado por Tata Martino. Falta aproximação e um jogo mais dinâmico entre os dois craques, ainda visivelmente desentrosados. Faltou volúpia ofensiva ao Barça, apesar de sobrar o conhecido predomínio técnico da partida. Na segunda etapa, os dois treinadores mudaram o posicionamento de suas equipes procurando sanar os erros de posicionamento, tanto na transição defensiva quanto na transição ofensiva:

 

 

Na segunda etapa, Allegri tentou ajustar a marcação ao condicionamento físico de Kaká, montando uma falsa linha de meio na transição defensiva. A intenção era acabar com o espaço que estava sendo desfrutado por Dani Alves e Messi, que já iniciou a segunda etapa atuando pelo setor, o que foi motivado pelo espaço ali encontrado na segunda metade do primeiro tempo. Kaká não foi liberado da marcação e continuou auxiliando no cerco a Daniel, mas marcou menos e posicionou-se mais à frente, quase como um segundo atacante para trabalhar o contragolpe na transição ofensiva. Por pouco, no contra-ataque, o Milan não fez o segundo. Mas Robinho, completamente livre, furou na cara do gol. O Barça respondeu com grande chance, mas os italianos eram reticentes em sua proposta.

 

 

No Milan saíram Robinho, Kaká e Birsa. Em suas vagas entraram Balotelli, Emanuelson e Poli. No Barcelona saíram Sánchez e Neymar. Em suas vagas entraram Fàbregas e Pedro. Os 15’ finais foram um autêntico “ataque contra defesa”, com o Barça todo no campo de ataque e até Balotelli auxiliando na marcação. O Milan lutou demais pelo empate, ganhando ponto importante para sua classificação.

 

 

Na segunda etapa, o Milan continuou estacionado em seu campo defensivo, esperando oportunidades para escapar em velocidade. Já o Barça, com quase 70% de posse, não conseguia infiltrar no ferrolho italiano, faltando movimentação e inspiração aos homens de frente. Ao escolher Tata para o comando, o Barça queria nomear alguém capaz de abraçar o estilo básico da equipe: retenção da bola e marcação pressão, variando do 4-3-3 para o 3-4-3 holandês, implantados nas canteiras do clube.

 A ligação mais nítida entre Gerardo Martino e Pep Guardiola é o respeito que os dois compartilham por Marcelo Bielsa. Como Jonathan Wilson bem analisou, "tendo jogado com Bielsa e sido o seu meia mais criativo e emocionalmente equilibrado no Newell’s Old Boys de 92, Martino compartilha os princípios fundamentais do modelo Barcelona: pressionar, reter a bola, e tocá-la com fluidez". Mas, e quando o adversário se rende a sua inferioridade técnica e estaciona um ônibus na intermediária? Nesse caso, o argentino terá que se desvair dos dogmas conhecidos e valer-se de sua criatividade. Abraço!

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira

 

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