GRANDES ESTRATEGISTAS: CARLOS SALVADOR BILARDO

05/09/2012 02:40

 

Carlos Salvador Bilardo, atualmente com 73 anos, encerrou sua carreira de jogador no ano de 1970 atuando pelo Estudiantes de La Plata, clube em que conquistou as maiores glórias como atleta. O talentoso meio campista armador, conhecido com “El narigón”, foi tri campeão da Libertadores (68,69,70) e campeão argentino (67) pelo Estudiantes. Lembrando que a Libertadores de 68 foi vencida em cima do Palmeiras. No mesmo ano, o time argentino também foi campeão mundial, vencendo o Manchester United da Inglaterra. Após encerrar a carreira de jogador, em 1971 já estava novamente na equipe, dessa vez iniciando a vitoriosa carreira de treinador.

Bilardo treinou o Estudiantes até 1975. Depois disso treinou o Deportivo Cali (Colômbia) e o San Lorenzo (Argentina). Em 1979, após um promissor início de carreira, foi treinar a Seleção da Colômbia. Voltou ao Estudiantes em 82 e, em 1983, chegou à Seleção Argentina. Entretanto, até o título mundial de 86 o narigudo sofreu muito com desconfiança e reiteradas críticas. Ao tomar posse da Seleção Argentina no dia 24 de fevereiro de 1983, ele também assumia rancores e decepções de um grupo rachado após a demissão de César Luis Menotti, campeão do mundo em 1978.

Além de ser alvo de críticas (muitas vezes infundadas), de desconfiança e de um grande descrédito, a briga com Menotti foi outro fardo que Bilardo teve que enfrentar até a Copa do México. A maior atração da imprensa esportiva da Argentina na época era a guerra entre “menottistas” e “bilardistas”. Com isso, a formação da equipe ficava comprometida no seu aspecto coletivo, afinal em primeiro plano estava o duelo de egos com Menotti, que a cada segundo tentava minar o trabalho de Bilardo.

Dotado de inteligência tática privilegiada, demonstrada desde os tempos de jogador, Bilardo percebia em Menotti a figura dos já ultrapassados treinadores sul-americanos, que trabalhavam muito pouco suas equipes em termos táticos. Após uma longa troca de farpas com seu rival através da imprensa, Bilardo colocou ponto final na briga criticando veementemente a qualidade do serviço de Menotti: “A partir de 78 começamos a perder tudo: o Mundialito de Montevidéu, o Mundialito Juvenil da Austrália, Toulon em 1979 e o fracasso da Espanha em 1982, depois de uma concentração de quatro meses. Este país necessita de gente que fale menos e trabalhe mais”.

Na Europa, ainda mais após a inovação tática trazida por Rinus Michels na Copa de 1974, a inesquecível “Laranja Mecânica”, fervilhava um grande interesse pelos estudos táticos. A evolução tática deixava de possuir um caráter circunstancial e passava a ser direcionada pelo conhecimento que se espalhava pelas pranchetas dos treinadores europeus.

Nessa época, na América do Sul os treinadores ainda, em sua maioria, eram incentivadores que escolhiam os titulares e distribuíam os jogadores em campo. Em 1974, o futebol brasileiro começou a entender que somente habilidade não ganhava mais uma Copa do Mundo. Assim, até Parreira em 94, que montou um time pautado na obediência tática, o futebol brasileiro ficou 24 anos sem jogar uma final de Copa.

Profissional à frente de seu tempo, Bilardo sabia que tinha um grupo talentoso em suas mãos, talvez a melhor e mais coesa geração do futebol argentino. Entretanto, como citado, a turbulência de sua briga com Menotti, de certa forma atrapalhou a formação coletiva e a união daquele grupo. Além da clássica briga com Daniel Passarela, “espião” de Menotti dentro do grupo de Carlos Bilardo, existiram outros atritos sempre direcionados para minar o ambiente do elenco. Com certeza a turbulência desnecessária que existiu nos três anos que antecederam a Copa atrapalhou a formação natural de sua equipe.

A Copa de 86 chegou e Bilardo trouxe na manga uma surpresa tática para a disputa do mundial. De acordo com Jonathan Wilson, no excelente livro “Inverting the Pyramid”, “El Narigón” é o pai do 3-5-2. Existe toda uma polêmica acerca da criação do aludido esquema, não existindo consenso sobre o tema. Alguns acreditam que na Copa de 1986 surgiu a primeira grande mudança tática pós Copa de 1974. Também afirmam que a Dinamarca, dirigida pelo técnico alemão Sepp Piontek na Eurocopa de 84, foi a primeira equipe a usar o esquema.

A lógica de Piontek, de acordo com alguns autores que creditam ao seu time a invenção do esquema, era bem simples: “Três zagueiros bastam para cuidar de dois atacantes”. A Seleção da Dinamarca teve um início arrasador na Copa do México. Chamada de "Dinamáquina", venceu a Alemanha, a Escócia e o Uruguai. Mas se perdeu nas oitavas de final, sendo derrotada pela Espanha por 5 a 1 e se despedindo do Mundial com goleada.

Existe ainda outra corrente. Esta defende que a criação do desenho é fruto da escola italiana e sua predileção por líberos, como Fachetti, Scirea e Franco Baresi. Entretanto, independentemente de ser ou não o pai do referido esquema, com certeza foi o primeiro treinador a implementá-lo de forma vencedora. Bilardo apresentou ao mundo o 3-5-2 com uma cara tão vitoriosa, que na Copa de 90 quase todas as seleções se valeram do esquema (com muitos treinadores, como Sebastião Lazaroni, deturpando sua aplicação).

Se Bilardo copiou os dinamarqueses, ao invés de ter criado o esquema com três zagueiros, isso não diminui os méritos de sua inteligência tática. Com um grande elenco em mãos, e as vésperas da Copa, com certeza sabia que todo grande time precisa de uma saída, de uma “fuga tática”. Se copiou ou criou o desenho, não podemos negar que foi sábia sua obsessão em aproveitar o absurdo e genial talento de Maradona. Treinador adepto de equipes mais fechadas, bem no estilo argentino aguerrido de marcar, e admirador do talento de Dieguito, sabia que atacando com ele e mais dois poderia surpreender o mundo no torneio.

Inicialmente, na primeira fase o treinador argentino, dentro de seu estilo cauteloso, e de acordo com Wilson, tentou o 4-4-2 difundido na América do Sul e usado pelas seleções favoritas ao título, como Brasil, França e Inglaterra. Assim, postou a seleção de seu país num ortodoxo 4-2-2-2 com Diego Maradona de meia esquerda, Burrochaga de meia direita e dois atacantes  (durante toda a primeira fase). Estes foram os jogos e resultados da Argentina na fase inicial da Copa: 3x1 contra a Coréia do Sul, 1x1 contra a Itália e 2x0 contra a Bulgária. Assim jogou a seleção de Bilardo na fase de grupos do mundial de seleções do ano de 1986:

 

 

André Rocha, no post “O dia em que o mundo se rendeu a Maradona”, análise publicada no excelente blog Olho Tático, prega que na verdade o uso do 3-5-2, em alternância com o 4-4-2, iniciou-se ainda na primeira fase:

 

- “O técnico Bilardo começou a Copa apostando em uma alternância do 4-2-2-2 com o 3-3-2-2, com Cuciuffo ora como lateral-direito mais defensivo, ora como zagueiro. Maradona iniciou no meio-campo armando a equipe. Como “Dieguito” vinha desequilibrando, o volante Enrique havia entrado bem contra Itália e Bulgária e os atacantes Borghi (que teria passagem pífia pelo Flamengo em 89) e Pasculli não convenceram fazendo dupla com Valdano, o treinador resolveu dar mais solidez à marcação e liberar de vez seu camisa 10 e capitão”.

 

Independentemente da precisão acerca da primeira aparição do 3-5-2, é inegável que seu primeiro dia de destaque no futebol mundial foi nas quartas de final disputada entre Argentina e Inglaterra.  Alguns defendem o uso ainda na primeira fase, outros como Rocha defendem a modulação com o 4-2-2-2 do início ao fim. Entretanto, a aparição que marcou e encheu a bola do 3-5-2 foi contra os ingleses.

Nas oitavas, a seleção Albiceleste encontrou seu grande e clássico rival, o Uruguai do craque Francescoli. O jogo, como não poderia deixar de ser, foi muito disputado. A Argentina marcou com Pasculli aos 43 minutos do primeiro tempo, garantindo com o 1x0 a vaga nas quartas de final. Chegando à próxima fase, o jogo foi histórico para os argentinos e paradigmático dentro do processo da evolução tática.

No que tange ao nascimento e implantação do esquema, cabe a leitura do texto de Eduardo Cecconi em artigo publicado em seu extinto blog Preleção. Cecconi também baseou seu estudo na leitura do livro “Inverting the Pyramid”, esclarecendo o que motivou a criação e uso do esquema, além de esmiuçar o 3-5-2 de Bilardo:

 

- “A criação do 3-5-2 partiu do seguinte raciocínio: frente à extinção dos pontas, na transição do 4-3-3 para o 4-4-2, por que manter laterais presos à linha defensiva? Não havia, na teoria, quem ser marcado no setor. A partir daí, Bilardo desenvolveu o novo sistema tático, que revolucionou o futebol mundial no final da década, e no início dos anos 90.

Pelos lados, havia três opções: utilizar meio-campistas - como preferiu Bilardo, com Olarticoechea e Giusti; laterais ofensivos, como fez a Alemanha na copa seguinte, com Brehme e Reuter; ou laterais defensivos, configurando o 5-3-2 - a inversão completa da pirâmide tática (afinal, o primeiro sistema tático organizado reconhecido era o 2-3-5, uma pirâmide de base alta).

No 3-5-2 da Argentina, Bilardo se dava ao luxo de manter sete jogadores defendendo, pela presença de Maradona. Em grande fase, o camisa 10 foi utilizado como um segundo atacante livre para se movimentar, ocupar espaços, driblar e levar o time para a frente. Valdano era o homem mais adiantado, e Burruchaga o meia de aproximação, completando o trio ofensivo.

Mas, como era novidade, Bilardo fez mistério. Atuou na primeira fase inteira no 4-4-2, e passou ao 3-5-2 contra a Inglaterra, no mata-mata. Fez sucesso. Combinar um meio-campo ocupado por cinco jogadores, abolir os laterais, e recuperar a figura do líbero pós-Copa de 1966, difundida pela Holanda de Cruyff, abriu um grande precedente entre equipes e seleções. Virou moda. Todos passaram a usar. Principalmente na Itália, onde este "5-3-2" quase lembrava um catenaccio.

O contexto é muito oportuno, como bem Jonathan Wilson ampara em números: a Copa de 1990, abarrotada de seleções no 3-5-2, teve a pior média de gols da história. Foi uma copa "feia". Cruyff disse que a substituição dos pontas pelos alas significava a "morte do futebol". A Euro 92 teve média de gols ainda mais baixa. A Fifa procurou mudar regras para o futebol voltar à vida”.

 

De acordo com Jonathan Wilson, o 3-5-2 de Bilardo funcionava como uma espécie de ferrolho abençoado pelas dádivas de um craque chamado Maradona. A habilidade absurda do jogador permitia o time argentino defender sempre com sete jogadores, sendo que durante muitas oportunidades a equipe defendia até com oito atletas. O mais interessante é que o uso de um esquema de características defensivas, não obliterou o volume de jogo ofensivo da Seleção Argentina. Abaixo o painel tático do esquema “criado” por Carlos Bilardo que encheu os olhos do mundo na vitória histórica de 2x1 contra a Inglaterra nas semifinais e que se repetiu contra a Alemanha na final da Copa de 86:

 

 

Ao pesquisar sobre o tema para fazer esse post especial, encontrei no You Tube o vídeo completo da final entre Argentina e Alemanha. Mesmo não estando com uma qualidade satisfatória, vale a pena assistir a partida. Abaixo, junto com as referências textuais, estará também o link do vídeo da final. Também tive o prazer de assistir os compactos da Argentina contra Uruguai e Inglaterra.

No painel tático exposto acima tentei demonstrar ao máximo a dinâmica de jogo do 3-5-2 de Bilardo. Assistindo à final, fica bem perceptível que a Albiceleste marcava com duas linhas fortes de marcação. Primeiramente, uma linha com três zagueiros com Brown na sobra. No meio, outra linha de marcação, agora formada por quatro jogadores. Os volantes Batista e Enrique se juntavam aos alas e blindavam ainda mais a defesa da equipe.

Com sete jogadores organizados para marcar, sobraram apenas três para o setor ofensivo. Burrochaga era um deles, sendo que o meio campista também tinha obrigações defensivas, não jogando completamente livre. Burrochaga avançava muito pelo corredor direito e jogava como um típico meia direita. Contudo, também tinha que compor os espaços e marcar. Na verdade, naquela equipe todos os atletas recebiam incumbências táticas, menos Maradona. O craque passeava por todo o campo, completamente livre para fazer um falso segundo atacante.

 Maradona não tinha função específica. Como circulava constantemente livre pelo tablado, atuando em todas as faixas do campo, creio que o mais correto é classificá-lo como uma espécie moderna (para a época) de “líbero ofensivo”. O 3-5-2 nasceu em sua volta, sendo montado sob a égide de seu talento. Toda estrutura tática e estratégica tiveram como escopo primordial a liberdade total de Dom Diego.  Em minha opinião, essa foi a grande e louvável sacada tática de Carlos Bilardo.

Sabendo que seu time não era um primor no aspecto coletivo e com pouco tempo, apostou tudo na solidez defensiva e na “libertação” de Maradona. Até a primeira fase da Copa, Bilardo viveu um dilema: Enquadrar seu craque no 4-2-2-2 idealizado como o melhor esquema ou montar um esquema para liberar seu craque? Acabou ficando com a melhor opção. Com a deficiência coletiva e a problemática preparação, ter um gênio em suas mãos colaborou muito para a decisão de Narigón.

Tratando da temática, cabe a leitura do excelente e explicativo texto de Júnior Marques. Abaixo, trecho do post “De Olho nos Hermanos – Menotti e Bilardo: Escolas vitoriosas do futebol argentino”, do site A Prancheta, um dos melhores quando o assunto é análise tática. Marques descreveu o 3-5-2 de Bilardo da seguinte forma:

 

A escola Bilardo – consistência, solidez e um “10” mais 10

 

A campanha argentina de 86 foi marcada por 6 vitórias e um empate. A equipe era comandada por Carlos Bilardo, filho da escola de Osvaldo Zubeldia – treinador do Estudiantes de La Plata entre os anos de 1965-1970, onde Bilardo atuou como jogador, e logo depois assumiu como treinador, em 71.

O “Bilardismo” consistia em organizar a equipe do meio para trás, atentando-se no sistema defensivo e na marcação “homem a homem”. A equipe de Bilardo era conhecida por jogar no erro adversário, muitas vezes arriscando-se na postura acuada e contra golpista.

O 3-5-2 de Bilardo contava muito com o recuo de Olarticoechea na lateral esquerda, e Cucciufo abria pelo lado oposto, com a seguinte formação de uma linha de 4: Cucciufo, Ruggeri, Brown e Olarticoechea. Bilardo pedia que sua equipe se defendesse com 7 homens – quando Burruchaga recuava ao meio para marcar –, dando liberdade para que Maradona realizasse as transições ofensivas (contra-ataques), contando então com Valdano e Burruchaga pelos lados.

O esquema de 3 zagueiros deu certo num Mundial repleto de equipes atuando no 4-4-2, onde Bilardo não limitava o jogo de seus laterais, já que as equipes não contavam com ponteiros no ataque – os ponteiros adversários não exigiriam a mesma marcação dos laterais, que então jogariam “soltos” –. 7 homens deveriam recompor o sistema defensivo, mas os laterais, já mais à frente (como alas), não seriam fixos na linha defensiva. O 3-5-2 “Bilardista” era único e campeão do mundo, e seria repetido no Mundial 90, não só pela Argentina (ainda com Bilardo), mas por mais 20 das 24 seleções participantes – incluindo o Brasil de Sebastião Lazaroni.

 

Como sabido, Bilardo foi quem indicou Sabella para a AFA. “El Narigón” teve participação incisiva na contratação do atual treinador da Albiceleste. E parece que o novo técnico da seleção nacional, outro estrategista, aprendeu bem a lição tática com o professor Bilardo. Após a Argentina demonstrar fragilidade absurda na defesa nas passagens de Maradona e Batista, além da dificuldade de melhorar o desempenho de Messi, Sabella tratou de pensar numa saída tática. Não enxergando consistência, se valendo do 4-2-3-1, Sabella tem usado um 4-4-1-1 consistente defensivamente e que privilegia o talento descomunal de Messi:

 

 

O 4-4-1-1 foi utilizado por Sabella contra todos os adversários fortes que a Argentina jogou. Brasil e Alemanha enfrentaram e perderam para esse desenho implantando pelo comandante argentino. O sistema é bem mutável e não representa um abandono total do 4-2-3-1. Quando Sosa e Di Maria sobem, forma-se uma espécie de 4-2-3-1. Por algumas vezes, quando Messi recua para buscar a bola e Gago avança, os quatro do meio se alinham formando um 4-1-4-1.

A estratégia de Sabella tem sido a seguinte: jogando em casa e contra times mais fracos, nada de cautela. Contra o Equador pelas Eliminatórias da Copa, com goleada argentina de 4 x 0 e show de Messi, o treinador dos hermanos veio com sua equipe postada num híbrido 4-2-3-1/4-2-2-2. O próprio Sabella já declarou não se apegar a nenhum sistema tático e jogar de acordo com o adversário. Esse foi o painel tático de Argentina x Equador:

 

 

O 4-4-1-1 surgiu com os mesmos propósitos do 3-5-2 de Bilardo: fortalecer a defesa e liberar o craque do time. Sem zagueiros e laterais de qualidade, resolveu escalar Di Maria e Sosa como meias extremos, prendendo os laterais e protegendo seus zagueiros. Outra vantagem do desenho é liberar Messi de forma total. E o craque atuou bem em todas as partidas em que Sabella utilizou este esquema. Como dito, além da preocupação defensiva, o desenho foi idealizado para aproveitar o talento monstruoso de Lionel, como Bilardo fez com Dieguito em 1986.

Como se vê, Bilardo fez escola. Sua inteligência e seu destaque no cenário esportivo, como um estrategista nato, o tornou um paradigma, não somente para o futebol argentino. Aos poucos, o 3-5-2 caiu em desuso. Ainda é usado esporadicamente e de forma deturpada por algumas equipes, principalmente no Brasil e na Itália. O 3-5-2, de acordo com Wilson, é um sistema ultrapassado e em grata extinção. Entretanto, Bilardo escreveu para sempre seu nome na história do futebol.

Carlos Salvador Bilardo iniciou sua carreira como treinador no ano de 1971 e aposentou-se em 2004. Nesses 33 anos de serviços prestados como treinador, comandou o Estudiantes de La Plata em três oportunidades (71/75, 82/83, 03/04), Deportivo Cali (76/78), San Lorenzo (78/79), Seleção da Colômbia (79/81), Seleção da Argentina (83/90), Sevilla (92/93), Boca Juniors (96) e a Seleção da Líbia.

Pela seleção de seu país foi campeão mundial em 86 e vice- campeão em 90. Chegou à final nas duas copas que disputou. Além disso, foi terceiro colocado na Copa América de 89 vencida pelo Brasil (e quarto colocado nas de 83 e 87). Com o Deportivo Cali foi vice campeão da Libertadores no ano de 78. Com o Estudiantes, apesar de uma campanha invicta no campeonato argentino de 1975, ficou apenas com o vice-campeonato.

A título de curiosidade, abaixo transcrevo reportagem que aborda declarações de Bilardo sobre Neymar, que na opinião de Narigón é uma “invenção” dos brasileiros. A matéria foi divulgada pelo Portal Terra no dia 13 de junho de 2012. Deixo vocês com as palavras de Bilardo e me despeço. Depois quero saber se concordam com ele. Espero que tenham gostado. Foi gratificante e um enorme aprendizado produzir esse texto. Abraço!

 

 

Ex-técnico da Argentina põe Neymar como "invenção" dos brasileiros

 

Técnico campeão do mundo pela Argentina em 1986, Carlos Bilardo não é o maior fã de Neymar. Em entrevista publicada pelo diário esportivo Olé, ele admitiu que o atacante é "técnico e joga bem", mas descartou qualquer tipo de comparação com Lionel Messi, dizendo que o atleta do Santos foi uma "invenção" do Brasil para a Copa do Mundo de 2014.

"Neymar é uma invenção dos brasileiros", é o título da entrevista veiculada no site do jornal de Buenos Aires. Atualmente diretor da seleção argentina, Bilardo soltou um "nãooo" e "nada a ver" quando questionado se o jovem atacante pode ser comparado a Messi, dizendo que "essa é uma história dos brasileiros".

O ex-treinador argumentou que o Brasil, além de "sempre querer ter alguém", organizará a próxima Copa do Mundo e "tem que inventar um jogador". Ele disse que o País, assim, "buscou" Neymar, classificado como aquele que "melhor está, o que melhor pinta tem, é técnico e joga bem". Por fim, o dirigente afirmou que "então" o Brasil "inventou Neymar, porém nada a ver com Messi".

Falando sobre o futebol brasileiro em geral, Bilardo afirmou que "sempre gostou" e ressaltou que "todos os técnicos" do País eram "muito amigos". Ele ainda elogiou o "Santos de Pelé" como um dos melhores times que já viu e mostrou certo desconhecimento com a Seleção Brasileira atual, afirmando que tradicionalmente a equipe não contava com bons defensores e depois teve o setor "arrumado" por Lúcio. O zagueiro da Inter de Milão, 34 anos, não tem sido mais convocado por Mano Menezes.

Bilardo, 73 anos, foi volante campeão argentino em 1959 pelo San Lorenzo, mas teve maior destaque como técnico. Ele dirigiu a seleção do país na Copa do Mundo de 1986, conquistando o título no México, e na de 1990, ficando com o vice-campeonato na Itália. Nesse último evento, ficou famoso pela polêmica "água batizada" que disse ter mandado preparar durante a vitória por 1 a 0 sobre o Brasil, nas oitavas de final - o lateral esquerdo Branco teria sido um dos jogadores a cair no golpe, aceitando uma garrafa de água misturada com tranquilizantes oferecida pelo massagista argentino, Miguel Di Lorenzo.

Bilardo retornou à seleção argentina em setembro de 2008 como diretor geral da equipe, então comandada por Diego Maradona. Depois da eliminação nas quartas de final do Mundial de 2010, na África do Sul, Maradona deixou o cargo dizendo-se "traído" pelo dirigente, que acabou permanecendo em seu cargo. O atual treinador alviceleste é Alejandro Sabella”.

 

 

 

Fontes que auxiliaram e embasaram a feitura do texto. Entre elas destaque para o Olho Tático, A Prancheta, Preleção e Placar Magazine. Além da final na íntegra da Copa de 1986 no You Tube:

 

https://esportes.terra.com.br/futebol/copa/2014/noticias/0,,OI5833383-EI18776,00-Extecnico+da+Argentina+poe+Neymar+como+invencao+dos+brasileiros.html

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Bilardo#T.C3.A9cnico_3

 

https://globoesporte.globo.com/platb/olhotatico/2010/10/30/o-dia-em-que-o-mundo-se-rendeu-a-maradona/

 

https://www.youtube.com/watch?v=-hIMOXFY2Bc

 

https://imortaisdofutebol.com/2012/04/20/selecoes-imortais-argentina-1986/

 

https://copadomundo.uol.com.br/2010/historia-das-copas/

 

https://a-prancheta.com/colunas/de-olho-nos-hermanos-menotti-e-bilardo-escolas-vitoriosas-do-futebol-argentino

 

https://www.afa.org.ar/

 

https://wp.clicrbs.com.br/prelecao/2010/03/25/3-5-2-a-culpa-e-dos-argentinos/

 

https://espn.estadao.com.br/post/275598_a-argentina-de-messi-acertou-e-destruiu-a-alemanha-candidata-a-melhor-selecao-do-mundo

 

https://esportes.terra.com.br/futebol/copa/2014/noticias/0,,OI5833383-EI18776,00-Extecnico+da+Argentina+poe+Neymar+como+invencao+dos+brasileiros.html

 

https://books.google.com.br/books?id=egn4_TS6dz8C&pg=PA51&lpg=PA51&dq=carlos+bilardo+frases&source=bl&ots=5_gYpNqPsC&sig=x6-8IfkRGEyX-qi8wUGk5sMCzDg&hl=pt-BR&sa=X&ei=osctUM73HaSP7AGZ2YHwCA&ved=0CEgQ6AEwBDgU#v=onepage&q=carlos%20bilardo%20frases&f=false

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_campe%C3%B5es_da_Copa_Libertadores_da_Am%C3%A9rica

 

https://paineltatico.webnode.com/news/argentina-4-x-0-equador-goleada-show-de-messi-e-um-4-3-3-com-cara-de-4-2-2-2/

 

Inverting the Pyramid - Jonathan Wilson

 

Asi Ganamos – Carlos Salvador Bilardo

 

Revista Placar

 

Revista Veja

 

 

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira

 

 

Tópico: GRANDES ESTRATEGISTAS: CARLOS SALVADOR BILARDO

Post muito bom

Maurício | 06/09/2012

Dae Victor! Muito bom esse post heim, parabéns!

A Argentina sempre gostou de jogar no 3-4-3 / 3-5-2, e hoje em dia na atual seleção dos Hermanos não vejo o jogando assim, faz tempinho já que eles não tão jogando assim, na Copa de 2010 já não jogaram, não lembro se na Copa América de 2008.

Mas a pergunta é essa: Hoje com o grupo de jogadores que tem, acha que a seleção tem jogadores para se jogar no 3-5-2 / 3-4-3?

Eu pensei aqui um time que poderia jogar no 3-4-3 assim:

.......................................Romero........................................
...........Demichelis...Mascherano...Otamendi...............
...........................Gago..................Banega........................
.........Di Maria..............................................Gaitan/Sosa..
.........................................Messi..........................................
.....................Higuain/Tevez.....Aguero/Lavezzi................

Será que daria certo assim? Puxando o Mascherano pra zaga como ele vem jogando no Barça, e tirando os laterais que não são confiáveis. No meio poderia formar um losango também!!

Mas deixo a pergunta pra vc!

Abraço!

Re:Post muito bom

Victor Lamha de Oliveira | 10/09/2012

Grande Maurício! Tudo jóia? Obrigado pelos elogios! Olha, com certeza esse grupo tem qualidade para montar um 3-5-2/3-4-3 forte na marcação e letal no ataque. Como a Argentina não possuí bons laterais e a defesa não inspira tanta confiança, montar uma linha de três zagueiros com o recuo de Mascherano seria uma bela alternativa, visto que Sabella tem jogado com quatro na defesa mas prendendo os laterais. Entretanto, diferentemente de Bielsa, o atual treinador da Albiceleste não parece ser adepto da linha de três zagueiros! ótimo questionamento! Abraço!

q isso hein???

serginho | 05/09/2012

vitao, ta ficando enjuado hein???? post historico e tudo mais moleque. adorei e aprendi mto. qual vai ser o proximo treinador????

Re:q isso hein???

Victor Lamha de Oliveira | 10/09/2012

Grande Sérgio, tudo bom? Obrigado pelo elogio e pela participação! Eu também aprendi muito fazendo esse texto! Sobre o próximo treinador, acho que vou fazer sobre o lendário Rinus Michels. Abraço!

Muito bom!!!

Marco Túlio Santos | 05/09/2012

Victor, boa tarde! Parabéns pela profunda pesquisa e pelos detalhes de suas informações! Realmente fiz uma viajem no tempo! Essa Copa foi a última que representou o futebol romântico, por isso é tão especial pra mim! Abraço!

Re:Muito bom!!!

Victor Lamha de Oliveira | 10/09/2012

Olá Marco Túlio, tudo bem? Muito obrigado pelos elogios! O objetivo desses posts especiais é justamente proporcionar ao leitor uma viagem tática no tempo, sempre com o objetivo de demonstrar cada degrau de sua evolução! Volte sempre! A casa é sua! Abraço!

Algumas considerações

André Rocha | 05/09/2012

Fala, Victor! Parabéns pelo post, muito bom. Mas tenho algumas considerações a fazer sobre a Argentina de 1986.

Vi todos os jogos do time de Bilardo. Na íntegra para ajudar o Mauro Beting no livro "As melhores seleções estrangeiras de todos os tempos", livro que recomendo para análise daquela equipe - nem tanto por mim, mas pelo estudo e pela observação brilhantes do autor.

A formação do 3-5-2 tinha Ruggeri pela direita, Brown na sobra e Cuciuffo à esquerda na defesa. Exatamente pelo posicionamento do Cuciuffo é que fica claro que contra a Inglaterra Bilardo armou um 4-2-2-2, com o camisa nove na lateral-direita. Creio que a ideia tenha sido prender os laterais contra os "wingers" adversários e deixar Ruggeri, zagueiro alto, na marcação de Gary Lineker, exímio cabeceador e artilheiro do Mundial do México. É bom lembrar que aquele jogo pelas quartas de final era questão de honra para os argentinos por conta da Guerra das Malvinas e justificava uma mudança tática.

Vale ressaltar também que a formação do quarteto ofensivo era mutante, mas sempre deixava Maradona solto. Em alguns jogos da primeira fase, Borghi voltou para compor o meio e liberar o camisa dez. Na final, Valdano marcou Briegel e Maradona ficou isolado à frente, com o auxílio de Burruchaga.

Abração!

Re:Algumas considerações

Victor Lamha de Oliveira | 10/09/2012

Grande mestre, tudo bom? Obrigado pelo elogio! Obrigado também por complementar com sua genialidade as informações contidas no post! Procurei na internet e não achei jogos completos da primeira fase. No jogo da final ficou perceptível o trabalho tático cumprido por Valdano. Sobre Borghi recompor o meio para liberar Dieguito, ainda na primeira fase, foi uma novidade que realmente não tinha conhecimento. Mais uma demonstração da inteligência estrategista de Carlos Bilardo. Abraço!

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