O SANTOS DE MURICY E SEU LOSANGO NO MEIO CAMPO

16/05/2012 15:02

 

Para alguns comentaristas, o Santos de Muricy Ramalho joga no 4-2-3-1, o esquema da moda. Para André Rocha, por exemplo, o alvinegro praiano joga num “4-2-3-1 torto”. Ontem conversando com Élcio Lúcio, grande amigo e apaixonado pelo futebol, esse teimou comigo que o Santos joga num 4-2-2-2 autêntico, com uma estratégia de posicionamento bem definida para cada jogador. Eu já enxergo um pouco diferente. Na minha opinião, o Santos joga de 4-4-2 losango, com três meias atrás de Ganso, enganche da engrenagem, sendo que este possui à sua frente dois atacantes:

 

 

Em outro post excelente, sobre o primeiro jogo da final entre Santos e Guarani, André Rocha descreveu, sabiamente, a estratégia de jogo do timaço de Muricy:

 

“(...) Mas a proposta do Santos de Muricy Ramalho em 2012 é utilizar tática e estratégia para se impor pela técnica. O alvinegro praiano, jogando de azul, mais uma vez avançou a marcação e pressionou o jogador com a bola para induzir o oponente ao erro e roubá-la o mais rápido possível.

Na retomada, o toque paciente, rodando a bola em busca das duas principais jogadas do time: a entrada em diagonal de Neymar a partir da esquerda – já manjada, porém cada vez mais difícil de ser parada pela evolução constante do camisa onze, especialmente no arranque e nas conclusões.

A segunda é outra novidade nesta temporada: Ganso deixa de trabalhar de costas para a marcação e recua para armar como um velho “camisa oito”. Arouca ultrapassa e se transforma em mais uma opção de velocidade e pode receber o passe curto do meia pelo centro. Na prática, a equipe continua com um quarteto ofensivo. Mas a bola sai com muito mais qualidade de trás (...)”.

 

Como muito bem percebido pelo brilhante André, a obediência tática e estratégica tem proporcionado ao time paulista se valer de sua imensa qualidade técnica. Parece que o Santos aprendeu com o Barcelona o gosto pelo domínio da bola, tentando sempre retomá-la quando esta se encontra em poder do adversário. Outra brilhante percepção do Mestre da tática é o posicionamento de Ganso em campo. Como está guarnecido por três jogadores de meio, o craque tem jogado mais solto na criação, podendo desfrutar de sua inteligência e de seu talento, encostando com freqüência nos dois atacantes.

A organização tática e o apego coletivo pela retomada e manutenção da bola, mostra a vocação para ataque do time santista, contrariando a fama de retranqueiro que possui seu comandante. A polivalência do meio de campo tem o escopo de liberar Ganso para a criação das jogadas e se juntar ao ataque. Para isso, além de um volante mais fixo, os outros dois meias marcam e atacam, dando volume de jogo para a equipe. Nesse esquema também é necessária uma estratégia no que tange ao apoio dos laterais, e Muricy solta Juan para jogar no espaço que Neymar abre no ataque, prendendo o improvisado Henrique pela direita. Uma compensação tática inteligente e somente possível pela perfeita execução dos atletas em campo.

Acho que esse Santos tem lembrado o Cruzeiro de 2003 montando por Vanderlei Luxemburgo, que conquistou a Tríplice Coroa (Estadual, Copa do Brasil e Brasileiro) e encantou pelo futebol dinâmico, ofensivo e liderado pela genialidade de Alex. O time de Luxemburgo também jogava num movimentado 4-4-2 losango, privilegiando o aspecto coletivo para que pudesse aflorar a categoria encantadora de Alex:

 

 

Nesse timaço de Luxa, que também contava com Edu Dracena em seu elenco, Maldonado jogava preso, enquanto Recife e Weldel marcavam e atacavam, se juntando aos laterais e ao enganche. Os dois laterais apoiavam com constância, principalmente Maurinho, tendo a equipe um inteligente sistema de cobertura. Mas, o principal, e que assemelha esse Cruzeiro ao Santos de hoje, é a liberdade conferida ao cérebro da equipe na criação de jogadas. Para que o maestro brilhe ao conduzir sua orquestra, esta precisa estar organizada e imbuída no objetivo de facilitar o trabalho daquele que a rege. Assim como Luxemburgo, Muricy Ramalho montou todo um esquema de jogo para que Ganso tenha liberdade para pensá-lo. Assistindo aos jogos do Peixe visualizo um losango no meio, e não uma linha de três meias com um centroavante. Pode ser outra forma de enxergar a mesma coisa, mas dessa vez a tática faz diferença, por liberar Ganso e mudar toda a dinâmica da equipe.

Creio que esse time pode ser ainda mais vitorioso e encantador que o de Vanderlei Luxemburgo. Além de ter Neymar, verdadeiro craque, o time da praia tem um elenco mais habilidoso e qualificado tecnicamente. O Santos é o favorito ao título da Libertadores e do Brasileiro. Os outros que corram atrás e se preparem para enfrentar aquele que, hoje, é o melhor time das Américas.

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira

 

 

Tópico: O Santos de Muricy e seu losango no meio campo

concordo com vc

sidney | 16/05/2012

fala victor! tambem leio o andre e tenho te acompanhado ha um mes mais ou menos. nesse ponto vou concordar com vc, afinal o santos nao joga de 4/2/3/1 mas sim de 4/3/1/2. como arouca e elano tambem atacam, vira um 4/4/2 losango tipicamente argentino. otimo post! t mais!

Re:concordo com vc

Victor Lamha de Oliveira | 18/05/2012

Olá Sidney, tudo bom? Eu realmente acho que o Santos joga no 4-4-2 losango, pela atitude dos meias que jogam guarnecendo Ganso! O André comentou logo acima, informando que o próprio Muricy disse ao PVC jogar com uma linha de 3 meias. Mas pela estratégia, continuo enxergando um losango no meio, que por vezes pode formar uma linha de 3 meias! Obrigado pela participação! Abraço

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