PSG 2 x 2 BARCELONA: PRIMEIRO DUELO TERMINA EMPATADO EM PARIS

02/04/2013 20:15

 

Após a definição das quartas de final da Liga dos Campeões, Gustavo Hofman, no site da ESPN, publicou texto intitulado de “Oito times, oito formas de se jogar futebol”, analisando as equipes classificadas através dos “heat maps” (mapas de movimentação). Como bem definido por Hofman, os heat maps são “gráficos que mostram, de acordo com a intensidade das cores em um gramado virtual, a movimentação de um time ou um jogador específico. Resumidamente, é onde a bola mais fica nos pés dos atletas em análise”.

Abaixo, a ilustração dos mapas de PSG e Barcelona, com a respectiva análise de Gustavo Hofman, demonstrando, como bem explicado por ele, “a postura tática, a iniciativa ofensiva ou defensiva, de onde saem às principais jogadas e a importância do craque na distribuição de jogo”. Os mapas explicam bem a expectativa tática que existia antes do duelo entre Paris Saint Germain e Barcelona, jogo de ida das quartas disputado em Paris.

 

Barcelona: “Imagem já clássica, do time que mais valoriza a posse de bola no mundo. Joga pelo centro, graças à movimentação de Lionel Messi, Xavi e Andrés Iniesta. Entre todos os classificados, é a equipe que menos atua pelos lados do campo - tendência mundial, principalmente por causa do 4-2-3-1. Detalhe importante: é, também, o time menos agredido, que menos oferece a possibilidade de ser atacado dentro da sua área”.

 

PSG: “Desde a chegada de Lucas e a definição por Carlo Ancelotti do 4-4-2 como esquema principal, o Paris Saint-Germain voltou a ter Marco Verratti como titular e, naturalmente, principal armador. Verratti é fundamental na distribuição das jogadas para as laterais, buscando Pastore, Lucas, Lavezzi... No gráfico abaixo, é possível notar também que o time inicia jogando mais pela esquerda da sua intermediária defensiva. Região preenchida pelo jogador italiano”.

 

 

Como desenhado nos mapas de movimentação, as equipes demonstraram durante a competição duas formas distintas de jogar futebol. O time francês, mais afeito ao contragolpe, se padronizou em linhas e prefere atuar pelas beiradas. Já o escrete espanhol continua centralizando para criar suas jogadas, afinal, é na movimentação de Xavi, Iniesta e Messi que se sustenta todo esse poder emanado pelo Barcelona, o “dono da bola”, time que sempre fica com a posse e dita seu ritmo diante dos adversários.

Na partida de hoje, no plano tático, Ancelotti optou por um 4-4-2 britânico mais qualificado tecnicamente, com Beckham atuando como uma espécie de segundo volante pela esquerda. No Barcelona, voltou Tito e o 4-3-3, porém com execução bem similar a que foi usada na goleada contra o Milan, que valeu a classificação. Alba ficou mais preso e Sánchez espetado pela esquerda, dando profundidade pelo citado flanco. Messi jogou da direita para o centro, chamando Pastore e abrindo o corredor para Daniel Alves.

 

Barcelona no 4-3-3 e o PSG no 4-4-2 em linhas: no time catalão, na transição ofensiva Villa se posicionava como atacante, infiltrando entre os zagueiros do time francês. Messi arrastava Pastores para o centro, abrindo o corredor para Daniel Alves subir. Quem dava profundidade pela esquerda era Sánchez, espetado em cima de Jallet como um legítimo ponta esquerda. No Paris Saint Germain, um 4-4-2 bem alinhado, com Beckham jogando pela esquerda, buscando Ancelotti a padronização demonstrada no campo de movimentação acima. Como o time costuma iniciar o jogo pelo lado esquerdo, o inglês foi alocado no setor, ficando Matuidi pela direita. Lucas e Pastore marcaram bastante pelos flancos, subindo com agressividade para o ataque ao retomarem a bola. O que era raro, afinal o Barça teve 70% da posse.

 

 

Com Pedro suspenso, Sánchez ganhou a vaga e conseguiu fazer boa partida. A jogada forte do Barcelona era Messi armando pela direita e fazendo sua letal diagonal rumo à intermediária do adversário. Dessa vez não tivemos o 3-4-3 holandês desenhado no tablado, entretanto a dinâmica se aproximava do referido esquema com Alba mais preso e Daniel avançando quase como um ponta pela direita. Parece que Tito está imbuído na reedição da dupla Messi e Daniel Alves, jogada forte no Barça em outras temporadas e que tinha perdido o fôlego.

 

 

Barcelona na transição ofensiva: Messi armando pela direita, Daniel Alves avançando pelo corredor e Villa enfiado entre os zagueiros. Sánchez foi espetado como ponta para forçar em cima de Jallet, sempre com o suporte técnico de Xavi e Iniesta. Pastore era atraído por Messi, o que abria espaço para Daniel avançar.

 

Barcelona na transição defensiva: quando o Barça perdia a bola, o que era raro, Villa vinha compor o lado direito, formando, por vezes, uma linha de marcação pelo meio, para equilibrar o número de jogadores pelo setor. Sánchez voltava acompanhando o lateral e Messi ficava solto para receber a primeira bola do contragolpe.

 

 

Ancelotti foi bem ao tentar equilibrar o jogo tecnicamente com a entrada de Beckham no meio de campo. Mesmo com apenas 30% da posse de bola, quando a tinha nos pés o PSG jogava com qualidade, sendo perigoso e criando chances de gol. Teve bola na trave de Lavezzi, grande defesa de Valdés em cobrança de falta batida por Ibra e arrancada de Lucas, que foi muito bem taticamente, marcando em cima o lateral e partindo em velocidade para o ataque ao retomar a bola. Será que Felipão observou a evolução tática do garoto?

Os donos da casa foram melhores nos 15’ iniciais. Gradativamente o Barcelona, ao seu estilo, foi cadenciando o jogo, empurrando as linhas do PSG para o campo de defesa e equilibrando a partida. Aos 38’, quando já era melhor em campo, a equipe de Tito Vilanova fez o primeiro após bela jogada. A bola sobrou após cobrança de escanteio, na intermediária. Atento, Dani Alves lançou Messi de trivela, achando o argentino livre na diagonal, por atrás da zaga: 1 x 0 Barça. Foi a 33ª vez que Lionel marcou após passe do brasileiro, o seu maior garçom na carreira (Xavi, com 29 assistências, vem na sequência).

Na segunda etapa, muitas mudanças e um cenário totalmente diferente no plano tático. Messi, que sentiu dores na coxa no final da primeira etapa, foi substituído por Fàbregas, voltando o Barcelona a jogar com o estático 4-3-3 sem um homem de referência. No Paris Saint Germain, Ancelotti inverteu Matuidi com Beckham, colocando o inglês pela direita. Entretanto, com muitas substituições o time francês mudou bastante no segundo tempo, ficando mais ofensivo, o que era necessário para quem estava perdendo.

 

Panorama tático da segunda etapa: com a saída de Messi, o Barça voltou ao 4-3-3 sem referência de ataque, com Fábregas fazendo o falso 9. Aos 34’, Tito sacou Villa e colocou Tello, posicionando o garoto pela esquerda e Sánchez pela direita. No PSG, Ancelotti, aos 20’, tirou Lavezzi e colocou Ménez. Cinco minutos depois, tirou Beckham e colocou Verratti. Lucas jogou mais centralizado e Ménez ficou pelo flanco auxiliando Verratti na marcação, tudo para o italiano poder contribuir mais na criação de jogadas.

 

4-3-3 equânime e sem referência de ataque do Barcelona na etapa complementar: Fábregas entrou para jogar como falso 9, com Sánchez aberto pela esquerda e Villa procurando entrar na área. Mesmo assim, sem Messi e sem presença de área, o Barça voltou a ter aquela posse enfadonha e improdutiva da bola.

 

 

Perdendo para os blaugranas, o PSG saiu para o jogo na etapa final, tentando adiantar as linhas e centralizar Lucas. Já o Barcelona, sem Messi e novamente sem centroavante, voltou a ter aquela posse modorrenta da pelota, produzindo pouco. Alba e Daniel Alves alternavam o apoio ao ataque, com Busquets bem preso na proteção da zaga. Se aproveitando da bola parada, como esperado, aos 34’ Maxwell cruzou e Thiago Silva cabeceou na trave. No rebote, Ibrahimovic, impedido, completou para o fundo das redes. Era o empate dos donos da casa: 1 x 1.

Mas, aos 44’ o Barcelona mostrou sua força. Fàbregas deixou de calcanhar para Sánchez, na entrada da área. O chileno driblou Sirigu e foi claramente derrubado: pênalti que o capitão Xavi cobrou com extrema categoria: 2 x 1 para o time catalão. Sem desistir de buscar o gol, o PSG conseguiu empatar logo depois, já nos acréscimos. Em outro lance despretensioso, Ibra recebeu cruzamento e escorou para Matuidi chutar. A bola desviou em Bartra no meio do caminho e enganou Valdés. O final de jogo foi emocionante, fechando com chave de ouro a excelente partida.

O empate acabou premiando o maior volume de jogo dos visitantes, que tiveram 70% da posse de bola. Com relação aos passes, o PSG deu 353 passes (78,8% de acerto) e o Barcelona 696 (83,9% de acerto). Nas finalizações tivemos um equilíbrio, o que mostra a intensidade do PSG sem a bola: o time francês finalizou 12 vezes (7 no gol) e o Barça 15 (8 no gol). O resultado foi excelente para a equipe de Tito, que vai decidir em casa. O problema do Barcelona podem ser os desfalques, principalmente de Messi. Até o jogo da volta. Abraço!

 

 

https://a.espn.com.br/post/316106_oito-times-oito-formas-de-se-jogar-futebol

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira

 

Tópico: PSG 2 x 2 BARCELONA: PRIMEIRO DUELO TERMINA EMPATADO EM PARIS

Nenhum comentário foi encontrado.

Novo comentário