TUPI 1 x 5 VASCO: EQUIPE CARIOCA VENCE O AMISTOSO DISPUTADO EM JUIZ DE FORA

12/05/2013 15:23

 

Estive no treino tático do Tupi na quinta feira e tive o prazer de bater um longo papo com Felipe Surian, comandante Carijó. Com o elenco ainda incompleto, fato que o obrigou a completar o treino com os garotos da base, Surian gentilmente pegou sua prancheta e nela desenhou aquilo que preparou taticamente para enfrentar o Vasco. E, eivado de certeza, explicou para mim e para o companheiro Fernando Gonçalves que seu objetivo principal era “congestionar o meio de campo”. Com apenas quinze atletas a disposição, Surian preferiu se fechar. Abaixo o que foi explicitado pelo treinador:

 

Surian recebeu a equipe da Rádio Globo com a gentileza de sempre e explicou como iria atuar o Tupi sem a bola: “A intenção é congestionar o meio de campo, impossibilitando ao máximo as ações ofensivas do Vasco. Para o jogo temos apenas quinze jogadores e tenho que montar a equipe com o que possuímos para esse jogo. Sem a bola o time vai atuar num 4-5-1 com Henrique e Núbio Flávio fechando o meio e também os flancos. Se a jogada do Vasco iniciar pelo flanco esquerdo, Núbio cai para fechar o setor. Se a jogada começar pelo flanco direito, Henrique cai para fechar o setor. Estou esperando o Vasco com três volantes e atuar da mesma forma vai equilibrar mais o setor de meio campo, encaixando a marcação”.

 

 

Com a bola, Surian queria o Tupi da seguinte forma: “Com a bola o time vai jogar num 4-3-1-2, contando com o apoio dos volantes e desenhando um losango no meio de campo. Henrique será a ponta do losango na criação, com Núbio de segundo atacante e Ade enfiado entre os zagueiros”.

 

 

Como comentei no Globo Esportivo de quinta feira, apoiei as opções do treinador. E disse isso antes do jogo, até porque as opções táticas acima explicitadas eram as mais plausíveis para o amistoso, afinal a diretoria ainda está no processo de negociações para a montagem do elenco que irá disputar a Série D. Chamou a atenção no treino o garoto Rafael Vítor, que veio da base do Atlético MG. Com 1,92 de altura, treinou muito bem, jogando de cabeça erguida e saindo com qualidade para o campo de ataque. Se atuar como vem treinando, vai brigar por uma vaga no time titular.

Apesar de ter treinado a equipe no 4-3-3, desde que chegou a Juiz de Fora, Paulo Autuori resolveu postar o Vasco no 4-2-3-1, o que certamente foi uma surpresa para a comissão técnica do Tupi. Já o Galo veio como anunciado pela equipe da Rádio Globo durante a semana: um 4-5-1 na transição defensiva e um 4-3-1-2 na transição ofensiva. Lembrando que Henrique, como de costume, caiu muito pelo flanco direito, o que por vezes descaracterizava o losango na meiuca. O time juiz-forano sentiu muito a falta de um meia de criação legítimo para fazer a ligação entre a defesa e o ataque.

 

Painel tático da etapa inicial: Tupi no 4-5-1/4-3-1-2 e o Vasco num 4-2-3-1 sem invenções táticas, fazendo o simples. Núbio Flávio jogou bem espetado pela ponta esquerda, fazendo o segundo atacante na transição ofensiva. A equipe carioca teve quase 60% da posse de bola no primeiro tempo, dominando a maior parte do duelo. Com o Tupi parado há 15 dias e com o elenco ainda incompleto para a disputa da Série D, já era de se esperar esse domínio cruzmaltino (mesmo o Vasco estando num dos piores momentos de sua história).

 

 

O Vasco teve a bola e sempre procurou os flancos para alargar o ferrolho que o Tupi armou pelo meio. Abusando das inversões para encontrar o espaço, o que foi até ressaltado por Autuori ao final da partida, até os 20’ a equipe carioca teve domínio completo, com quase 70% de posse de bola. Aos 12’, Tenório fez o primeiro após jogada iniciada pela direita e que contou com falha do miolo de zaga Carijó. O problema do Tupi não era jogar fechado, mas não ter uma jogada bem definida para aplicar o contragolpe. Além da questão física, pesou também na conta do Galo a falta de entrosamento.

O time da casa só conseguiu finalizar pela primeira vez aos 20’, após belo lançamento de Rafael Vitor e finalização potente de Ademilson. Mas, a bola não levou tanto perigo, apesar de ter sido bom o chute dado pelo ídolo alvinegro. Aos 25’, Autuori abriu Tenório pela esquerda e centralizou Eder Luis, o que perdurou até o final do primeiro tempo. O Vasco ampliou aos 28’ após lançamento de Dackson para Tenório que, completamente impedido, não perdoou. Nem o equatoriano acreditou na jogada, mas, ao se ver de cara para o gol, tirou o goleiro e estufou as redes.

A única opção ofensiva do Tupi eram as bolas alçadas por Henrique na área. O meia, apesar de estar visivelmente sem ritmo, tentou liderar o Galo tecnicamente, mas acabou sucumbindo à marcação do Vasco como o restante da equipe. Após os 25’, o Tupi começou a tentar por a bola no chão e adiantar suas linhas, porém a tentativa não teve qualquer eficácia. Aos 39’, Núbio Flávio, válvula de escape pela esquerda, arrancou pela beirada e quase marcou o gol. Mas, foi o Vasco que fez mais um antes do final do primeiro tempo. Dackson fez de cabeça após cruzamento de Elsinho.

No intervalo os treinadores resolveram mudar suas equipes, dando, ainda mais, uma conotação de amistoso de luxo para o duelo. Paulo Autuori fez oito alterações, colocando outro time em campo para a disputa da segunda etapa. Surian também caprichou no volume de alterações, fazendo quatro modificações na equipe. Taticamente, também tivemos modificações nos dois times. O Machão da Gama veio num híbrido 4-3-3/4-2-3-1 e o Tupi se desenhou num 4-2-3-1 que perdurou até os 17’ da etapa final.

 

O tupi fez quatro alterações no intervalo. Saíram Douglas Borges, Rafael Vitor, Henrique e Ademilson, entrando Victor Souza, Sérgio, Cassiano e Wesley. No Vasco saíram Michel Alves, Nei, Sandro Silva, Felipe Bastos, Dackson, Fábio Lima, Eder Luis e Tenório. Em suas vagas entraram Diogo Silva, Yotun, Abuda, Felipe Souto, Wendel, Pedro Ken, Alisson e Edmilson. Até os 17’, o Tupi atuou num 4-2-3-1 que empurrou o Vasco para o campo de defesa. Após conseguir o gol com Cassiano, aos 13’, novamente Surian alterou e postou o time numa espécie de 4-3-1-2. Entrou Thiago Espíndola e saiu Núbio. Com isso, o Vasco voltou ao campo de ataque e conseguiu mais dois gols. O time carioca jogou num híbrido 4-3-3/4-2-3-1, com Wendel sendo a variável tática. O meia, por vezes, fazia um terceiro volante. Em outras oportunidades atuava pelas beiradas, como um autêntico meia extremo.

 

 

Quando tirou um volante e colocou um atacante, alterando o esquema para o 4-2-3-1, Surian conseguiu empurrar o desconfigurado Vasco para o campo de defesa. Após o gol com Cassiano, aos 13’, novamente o comandante Carijó alterou, colocando o Galo com três volantes. O resultado foram mais dois tentos do Vasco com Edmilson (22’) e Renato Silva (32’). O goleiro Victor Souza ainda defendeu uma penalidade aos 28’. Além do pênalti, o arqueiro ainda fez duas intervenções milagrosas, sendo um dos destaques do time ao lado de Rafael Estevam.

Ao final da partida, em entrevista à Rádio Globo, Surian destacou a disparidade física, a falta de entrosamento do Tupi e a diferença técnica entre as equipes. Apesar da goleada, o comandante Carijó ressaltou o empenho e a dedicação dos atletas, considerando o “treino de luxo”, como classificou o amistoso, proveitoso para a montagem da equipe que vai disputar a Série D. Agora é completar o grupo e partir para a conquista do bi campeonato brasileiro da quarta divisão. Eu confio nesse elenco e na comissão técnica, que tem feito milagre com os poucos recursos disponíveis. Abraço!

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira