BARCELONA 6 x 1 CELTIC: NEYMAR BRILHA JOGANDO COMO FALSO NOVE

12/12/2013 13:19

 

Após duas derrotas e um início de semana recheado de cobranças, o Barcelona recebeu o eliminado Celtic precisando apenas de um empate para conquistar o primeiro lugar do grupo. Com os desfalques de Messi e Fábregas, Tata Martino optou por Neymar como falso nove, sendo o jogo uma ótima oportunidade para o teste. No plano tático, o Barcelona veio no costumeiro 4-3-3 e o Celtic no 4-4-2 britânico, que por vezes se transformava em um 4-1-4-1. O objetivo era o encaixe defensivo no sistema blaugrana:

 

Primeiro tempo: Barcelona no 4-3-3 e o Celtic num híbrido 4-4-2/4-1-4-1. O posicionamento de Neymar como falso nove proporcionou aos pontas do Barça as inserções como centroavantes dentro da área. No Celtic, o 4-4-2 por vezes se transformava num 4-1-4-1, com Brown retornando para proporcionar o encaixe individual por setor no 4-3-3 do adversário. Ledley também recuava para fechar Neymar e Biton cuidava do outro meia.

 

 

Aos 6’, Piqué fez o primeiro após a bola sobrar em seus pés dentro da área. O gol tirou o peso e deixou o Barcelona mais leve para abafar o adversário. Tata subiu bastante a marcação da equipe e alocou o bloco no campo do adversário, buscando retomar a bola por ali, como nos tempos de Guardiola. Os triângulos constantes para proporcionar linhas de passe na transição ofensiva também lembraram a Era Pep. Podemos dizer que o Barcelona procurou, desde o início, honrar seus dogmas.

Além da marcação pressão constante, também verificamos uma execução fatal do tik-taka, com o Barcelona rodando bastante a bola e valorizando a posse. O sistema defensivo ainda se mostra inseguro, visto que por muitas vezes o time catalão entregou o contragolpe com espaço, o que não foi aproveitado pelo fraco time do Celtic. Na primeira etapa, o Barcelona teve 66% de posse, mas faltou ser mais incisivo e vertical rumo ao gol adversário. Foram 9 finalizações do time espanhol e apenas uma do Celtic.

O Barça ampliou aos 40’, após bela jogada de Neymar. O brasileiro recebeu pelo centro e levou a marcação de Ambrose para a direita. Depois, pedalou e cruzou para Pedro, centralizado como um centroavante, fazer o segundo. Aos 45’, após trocar 26 passes seguidos, recorde da atual Champions League, Sánchez centralizou e abriu o corredor para Montoya, que recebeu e rolou para Neymar marcar o terceiro. Foi o primeiro tento de Neymar na UCL. O Barcelona trocou 354 passes na primeira etapa, contra apenas 110 do Celtic. Abaixo o painel tático do segundo tempo:

 

Na segunda etapa, Tata alocou Xavi pela esquerda, bem mais próximo de Neymar. Assim, Pedro pode ser mais agudo e Neymar mais centroavante, empurrando ainda mais o time adversário para o campo de defesa. No Celtic, Lennon tirou Pukki e colocou Mulgrew, o que deixou nítido o 4-1-4-1 e liberou Samaras na ponteira de ataque.

 

 

Após os 18’, os treinadores modificaram suas equipes. Tata tirou Sánchez e colocou Tello, invertendo Pedro de lado. Posteriormente, tirou Busquets e colocou Song para intensificar a proteção. Aos 35’, Neymar foi substituído e saiu muito aplaudido. No Celtic, Lennon tirou Biton e colocou Commons, liberando novamente Brown para tentar criar algo. Com Ledley mais preso junto com Mulgrew, o time escocês jogava quase no 4-2-3-1 na transição ofensiva.

 

 

Aos 3’, Neymar tocou de calcanhar para Xavi que devolveu com a classe habitual. O brasileiro bateu forte no alto e fez seu segundo gol, o quarto do Barcelona. Aos 13’, Neymar conquistou seu primeiro hat-trick em solo europeu. Após dar aquela característica rolada rápida por cima da bola, o craque deu uma caneta em Ambrose e fez o quinto gol blaugrana. O time de Tata ainda fez o sexto com Tello. No final, Samaras subiu mais alto que a defesa e escorou de cabeça. Como sempre, o Barcelona se complicando na bola aérea.

Para os que insistem em criticar Neymar, mais uma atuação de gala do craque. Assim como queria a torcida, o brasileiro protagonizou e só não marcou o quarto porque Pedro o atrapalhou na cara do gol. Sempre procurando ser incisivo e vertical, o jogador realizou a função de falso nove com lucidez e muita habilidade. O posicionamento matriz era como ponta de lança, procurando, como Messi, jogar às costas dos volantes. Mas diversificou muito sua função ao cair pelos dois lados e inverter com os ponteiros.

As exigências no Barça nunca serão as mesmas após a brilhante passagem de Guardiola, que enfatizou de vez na equipe os preceitos táticos do futebol holandês. E Tata fez o torcedor feliz, resgatando a marcação alta sob pressão e valorizando a posse de bola (68%). O Barcelona foi constante e agressivo, o que coaduna com a história do time catalão. Se conseguir jogar dessa forma contra equipes qualificadas, esse Barça voltará a colocar medo. Abraço!

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira