BAYERN 2 x 1 REAL: ATUAÇÃO INFELIZ DE MOURINHO É A BASE DO ÊXITO ALEMÃO

Na opinião de Romário, técnico bom é aquele que não atrapalha. Lembrei-me disso porque a atuação pífia e medíocre de José Mourinho, diante do Bayern, somente atrapalhou o rendimento do Real em campo. O treinador português, dono do maior ego do futebol mundial, preferiu escalar na esquerda o limitado Coentrão, deixando Marcelo no banco e acreditando no poder de marcação de seu conterrâneo. Tudo isso visando à montagem de um cerco para Robben, grande ameaça do time alemão na perspectiva do treinador merengue.

Jamais se retira um jogador de qualidade como Marcelo para se colocar outro tão limitado como o português Coentrão. Ainda mais num jogo de poucas oportunidades, onde a qualidade técnica se torna arma ainda mais letal para a decisão da partida. Em minha opinião o treinador do Bayern também se equivocou ao deixar Müller fora do jogo. Entretanto, tal decisão, de certa forma, foi até importante para o time na primeira etapa. Esse foi o desenho tático inicial da partida:

Como salientado, Mourinho tirou Marcelo e colocou Coentrão, buscando montar um esquema de marcação especial em cima de Robben, sempre com a ajuda do incansável Alonso. Kroos ficou na criação do 4-2-3-1 alemão, auxiliando na marcação e se movimentando bastante, chamando a marcação de Khedira. Com isso, sobrou espaço para Ribéry jogar, fator fundamental para o domínio do Bayern no primeiro tempo. Schweinsteiger ficou mais colado em Özil, conseguindo grande resultado na marcação do craque alemão.

Com praticamente três volantes que atacavam e marcavam, demonstrando um 4-2-3-1 muito mais vigoroso do que o estático, apresentando pelo Real, o Bayern dominou a primeira etapa e mostrou a sua força jogando dentro de casa. Ao Madrid restava esperar o segundo tempo para tentar efetivar uma necessária melhora.

Como também já dito, creio que os dois treinadores erraram em suas escalações iniciais. José Mourinho errou ao deixar Marcelo e Kaká no banco, lançando Coentrão e Di María, sendo que o último está voltando de lesão. Já Jupp Heynckes errou ao deixar Müller na reserva, preferindo Kroos. A grande diferença é que a movimentação e dedicação de Kroos no meio alemão ajudaram na compactação da equipe durante a primeira etapa. Já as opções de Mourinho obliteraram a capacidade de criar volume de jogo ofensivo do Real Madrid.

No segundo tempo teve mais trapalhada portuguesa. Se no primeiro tempo os dois treinadores erraram em suas escalações, no segundo as coisas foram diferentes. Enquanto o técnico do Bayern corrigiu o erro, Mourinho tratou de piorá-lo. Heynckes sacou Schweinsteiger e colocou Müller, voltando com Kroos para a cabeça da área. Com isso Müller foi jogar aberto na esquerda e Ribéry foi para o centro. A função do francês era ajudar Robben e abrir espaço naquele setor, o protegido flanco direito do ataque bávaro. E deu certo. Coentrão virou avenida onde o holandês voava, sendo que a movimentação do francês e de Müller deram rotatividade e velocidade ao ataque Bávaro.

Já Mourinho sacou Özil (melhor do Real e autor do gol merengue) e colocou Marcelo, posicionando este como um volante mais ofensivo, indo jogar numa espécie de 4-3-2-1, com praticamente uma linha de três volantes. Lembrando que tais modificações aconteceram após o Real empatar a partida em 1 a 1, logo no início da segunda etapa. Assim ficou o desenho tático do jogo após os 15 minutos da etapa final:

Coentrão continuou mal, levando baile de Robben e não acrescentando nada ao time. Fez um pênalti não marcado e foi em cima dele a jogada de Lahm que resultou no gol de Gomez, o tento da vitória. Marcelo entrou perdido e Granero somente figurou em campo, também não acrescentando nada. Não entendi porque Kaká não entrou em campo. Deveria ter começado jogando, no lugar de Di María. Entretanto, nem entrou.  Mourinho mais uma vez ceifou a criatividade de sua equipe, afinal preferiu o inoperante e insosso Granero. Sem explicação. A vitória alemã foi merecida pela luta, inteligência tática e domínio da partida. Para o Real resta juntar os cacos e se preparar melhor para o duelo da volta. A primeira batalha Mourinho conseguiu estragar.

Victor Lamha de Oliveira