BENFICA 0 x 2 BARCELONA: MESSI DECIDE NOVAMENTE COMO FALSO NOVE

Benfica e Barcelona se enfrentaram hoje à tarde, em Portugal, pela segunda rodada da fase de grupos da Champions League. No plano tático, Tito Vilanova fez o simples e postou o Barcelona no 4-2-3-1, com velocidade pelos lados, Messi de falso nove e Fàbregas com Xavi pensando o jogo. Jorge Jesus, comandante do Benfica, escalou sua equipe num 4-1-4-1 que pretendia, com o adiantamento das linhas de marcação, ceifar a posse de bola esmagadora do Barça. Esse foi o painel tático do duelo, que perdurou até os 15 minutos da segunda etapa:

Benfica no 4-1-4-1 e o Barça no hodierno 4-2-3-1: Sem compactação entre as linhas, de nada adiantou o adiantamento da marcação do Benfica. Barcelona tocou pelo meio, passeou pelos flancos e venceu com autoridade fora de casa.

Logo aos 6 minutos do primeiro tempo, em jogada pela linha de fundo, o Barcelona chegou ao primeiro gol. O Benfica até havia finalizado duas vezes, mas o Barça continua letal e balançou as redes em sua primeira oportunidade. O detalhe tático do gol foi a movimentação ofensiva do ataque blaugrana: enquanto Messi mergulhou na ponta esquerda para fazer a jogada, Sánchez infiltrou como um legítimo centroavante e empurrou a bola para as redes. O Barcelona, assim como a Seleção da Espanha, domina a arte de jogar sem centroavante com eficiência ofensiva.

A intenção de Jorge Jesus foi boa, entretanto jogar contra esse Barcelona é tarefa árdua para qualquer equipe e treinador. Jesus lançou um típico 4-1-4-1 com Matic bem preso junto à zaga e uma linha de quatro no meio. Entretanto, o adiantamento da marcação não foi compacto e eficaz, o que permitiu ao time catalão encontrar espaços para trabalhar a bola, principalmente pelos flancos. O Barcelona chegou com perigo várias vezes, tocou a bola com velocidade, usou com maestria as diagonais e teve, merecidamente, 70% de posse da pelota na primeira etapa.

A movimentação ofensiva de Bruno César, jogador mais lúcido do Benfica, determinava as variações táticas do time. Quando Bruno centralizava, formava no tablado uma espécie de 4-2-3-1. Quando Bruno encostava em Lima, fazendo um segundo atacante, passava o Benfica a jogar num 4-4-1-1, esquema usado nos 10 minutos finais do primeiro tempo. Porém, como sabido, de nada adiantou todo esse trabalho tático diante de um Barça que jogou com leveza e sabedoria.

Jesus tinha tido na coletiva de ontem que não seria demagogo de dizer que o Benfica teria mais posse de bola. Com o escopo de pelo menos diminuir a posse enfadonha e letal do time blaugrana, prendeu os laterais e Matic à frente da zaga, soltando duas linhas para marcar. Como citado, de nada adiantou. Mesmo não sendo aquela equipe absurdamente superior de 2009, 2010 e 2011, o Barcelona continua sendo uma equipe totalmente diferenciada no futebol mundial.

Na segunda etapa, creio que Jorge Jesus substituiu errado ao tirar Bruno César, melhor do Benfica em campo, e colocar Carlos Martins, mantendo o desenho tático. Ao retirar o jogador que estava fazendo a aproximação entre meio e ataque, ceifou totalmente as ações ofensivas de sua equipe. Se o problema do brasileiro era o cartão amarelo recebido na primeira etapa, poderia ter colocado Aimar e montado um 4-2-3-1 para tentar surpreender o Barça. Aimar jogaria mais solto como segundo atacante e se manteria em campo a marcação em linhas.

O Benfica veio mais fechado, “chamando” o Barcelona e esperando um contragolpe. De nada adiantou novamente. Aos 10 minutos de jogo, Messi arrancou pelo meio e deixou a bola limpa para Fàbregas, na cara do gol, fazer o segundo gol catalão. Aos 15 minutos entrou Aimar e o Benfica tentou partir para cima. Entretanto já era tarde, e o Barcelona “cozinhou” o jogo da sua maneira até o fim do duelo. Mais uma vez Messi voltou a decidir com duas assistências primorosas jogando de falso nove nesse 4-2-3-1/4-3-3 de Vilanova.

Marcar o Barcelona continua sendo pesadelo para os técnicos adversários. Se marcar atrás, o Barça se instala no campo de defesa do adversário e roda a bola até encontrar o gol, sufocando seu rival. Se o adversário adianta a defesa, como fez o Benfica, o Barça aproveita sua qualidade técnica e velocidade nos espaços deixados, jogando pelo centro, pelos flancos e explorando as diagonais. Para finalizar, no segundo tempo o Barcelona teve 75% da posse do balão. Abraço!

Victor Lamha de Oliveira