Boca Jrs. X Fluminense: Prévia tática do grande duelo

05/03/2012 00:17

Ao analisarmos os elencos de Boca e Fluminense, percebemos, de longe, a superioridade do time carioca. Após um início de ano abaixo das expectativas, teve o treinador Abel Braga o mérito de acertar a equipe. Desde o jogo contra o Botafogo, quando foi entregue à titularidade ao menino Wellington Nem, o tricolor vem jogando bem e colocando certo receio nos adversários.

Porém, em sua estréia contra o Arsenal, também da Argentina, no Engenhão, assistimos um Fluminense desorganizado taticamente, o que proporcionou sofrimento ao torcedor até o apito final do árbitro. A sorte do time de Abel foi encontrar um gol logo no início da partida, porque depois que o Arsenal encaixotou o jogo tricolor com forte marcação, nada mais produziu a equipe de Abelão.

Na oportunidade, o Flu jogou num esquema ineficaz e indefinido, que certas horas se postava como um simples e antigo 4-2-2-2 e em outras oportunidades se mostrava como um moderno 4-2-3-1.  André Rocha no post intitulado de “Fluminense 1 x 0 Arsenal – Nada justifica a desorganização tricolor”, do dia 08/12/2012, entendeu que, na verdade, o que foi escalado por Abel, nada mais era do que um “4-2-3-1 torto”, assim como fizera Dunga na Copa de 2010.

Assim analisou o craque da tática: “No ataque, o 4-2-3-1 “torto”, com Wagner pela esquerda mais próximo de Deco e Rafael Sóbis à direita se juntando a Fred não funcionava porque o quarteto ofensivo não se aproximava e mantinha o posicionamento, sem rotação e velocidade. Para complicar, a saída de bola era apressada, sem o passe certo que “limpa” o jogo e faz as linhas avançarem naturalmente. Os laterais Bruno e Carlinhos corriam com a bola e Edinho e Diguinho não distribuíam as jogadas. Tudo dependia de Deco, o destaque tricolor que cansou rápido no segundo tempo”.

Independente de ser um 4-2-2-2 alternando com 4-2-3-1, ou de ser, verdadeiramente, um 4-2-3-1 torto, a verdade é que o Fluminense não jogou nada, sendo dominado pelo frágil Arsenal. Somente não foi derrotado pela ótima partida realizada por Diego Cavalieri. O time de Abel tinha visíveis problemas de ordem técnica e tática. Esse foi o desenho tático da partida em questão:

 

 

As duas de linhas de quatro do time argentino, assim como a movimentação inteligente do craque do time, o habilidoso Carbonero, que jogava em todas as partes do campo, encaixaram o espaçado e lento meio campo tricolor, que tinha Edinho plantado quase como um terceiro zagueiro e Diguinho distante dos quatro homens de frente.

A má fase que assola tanto Sóbis, quanto Wágner, assim como a lentidão preguiçosa de Edinho, também contribuíram para o fraco desempenho. Porém, como já explicitado, teve Abel o mérito de escalar os melhores do momento, conseguindo dar vida e mobilidade para seu 4-2-3-1 que andava apagado e longe das vitórias.

A chegada de Thiago Neves, jogador provadamente diferenciado, e o brilho do menino Wellington Nem, que lhe garantiu uma vaga no time, trouxeram movimentação e técnica para o pavilhão tricolor, assim como aliviou o craque Deco, sobrecarregado naquele time estático e sem criatividade. Cabe lembrar que Nem e Neves jogam bem naquela faixa de campo, diferentemente de Sóbis e Wágner, que jogam ali por imposição tática, visto que suas posições, respectivamente, são as de atacante e de meia de criação.

Já o Boca Juniors, depois de um breve tempo longe da maior competição de futebol das Américas, está de volta, sendo sempre um monstro quando o assunto é Libertadores. A última participação dos xeneizes foi em 2009, quando foi eliminado pelo Defensor, em casa, derrota que mergulhou o clube em profunda crise, sendo que a malsinada turbulência somente cessou com a conquista irretocável no Apertura de 2011, título que garantiu seu lugar nessa Libertadores.

Porém, na estréia, o time de Julio Cesar Falcione, postado no mais argentino dos esquemas, que é o 4-3-1-2, não brilhou, ficando num 0 a 0 magro contra o fraco time do Zamora, da Venezuela. As estrelas da companhia são o reforço Santiago Silva e o já conhecido enganche xeneize, que é Juan Roman Riquelme, craque, cérebro e líder da equipe.

O Blog “Futebol Argentino”, situado no site do globoesporte.com, no dia 07/12/2011, e com muita precisão, publicou post intitulado de “Se liga Fluminense! Boca Juniors: Aspectos táticos e defesa menos vazada”, que descreve perfeitamente o atual time do Boca. Abaixo segue o trecho relevante para a presente análise, lembrando que chegou ao clube, como reforço, o “tanque” Santiago Silva:

 

Trecho do post publicado, no dia 07/12/2012, no Blog “Futebol Argentino”, do globoesporte.com, intitulado de “Se liga Fluminense! BocaJuniors: Aspectos táticos e defesa menos vazada”:

 

(...) O técnico Julio Cesar Falcioni organizou a equipe xeneize a partir de um 4-3-1-2, esquema tático clássico do Boca Juniors durante as gloriosas conquistas do clube argentino sob o comando de Carlos Bianchi.
Linha defensiva composta por 4 jogadores, e com maior articulação ofensiva pelo seu lado esquerdo, através das projeções do lateral Clemente Rodríguez. O lateral direito Facundo Roncaglia também pode compor ao lado de Schiavi e Insaurralde, uma linha de três defensores, alterando o desenho tático para, por exemplo, um 3-4-1-2, no decorrer das partidas. No meio campo, Somoza, Rivero e Erviti, são jogadores que mesclam qualidade no posicionamento para a roubada de bola, com boa técnica para gerar saída de bola ‘limpa’ buscando o organizador Juan Roman Riquelme (ou Cristian Chávez), e especificamente, Rivero e Erviti, também participarem de tabelas, triangulações, e verticalização de jogadas pelos lados do campo, ou por dentro da intermediária contrária. Na frente, o habilidoso e de intensa movimentação pelos dois flancos, Pablo Mouche. Jogador que além de executar boas jogadas individuais buscando a linha de fundo, e diagonais em direção a meia lua adversária, tem um ótimo “último passe”. Além de Mouche, o ataque xeneize vem contando neste Apertura 2011, com os bons atacantes, Nicolas Blandi e Dario Cvitanich, ambos com 4 gols na competição, e Lucas Viatri, primeiro nome na sucessão de Martin Palermo. Viatri começou bem o campeonato, chegando a marcar 3 gols antes de sofrer grave lesão.

Muito se comenta da lentidão característica dos jogadores, Schiavi e Insaurralde como ponto extremamente débil da defesa do Boca Juniors, mas os dois zagueiros xeneizes estão bem protegidos, não só por Somoza, Rivero, Erviti, e pelo ‘lateral base’, Roncaglia, como também por uma sólida estratégia tática que prioriza os contragolpes.
Somoza e Erviti acionando Riquelme (ou Chávez) por dentro, ou executando bola longa para a projeção de Rivero e Mouche pelo lado direito, e Clemente Rodríguez, e também Mouche, pelo setor esquerdo do ataque. A bola parada também vem sendo uma arma de destaque deste Boca Juniors de Falcioni. Riquelme, Mouche e Erviti na execução, e Schiavi, Insaurralde, Somoza, Civitanich, e o próprio Riquelme, na conclusão.

Uma clara demonstração desta solidez defensiva amparada pela estratégia de priorizar os contra-ataques está na forma com que o Boca Juniors sofreu seus 4 gols até a 17ª rodada deste Apertura 2011. Dois gols de bola parada, um gol contra, e outro, proveniente de um chute da intermediária.

Não imagine o Fluminense que o Boca Juniors irá mudar sua forma de jogar contra o clube carioca, mesmo dentro dos seus domínios, em La Bombonera (...)”.

 

De acordo com o que vem apresentando as equipes de Fluminense e Boca, este provavelmente será o embate tático que verificaremos quarta feira, no perigoso e imponente território xeneize:

 

 

 

A lentidão dos defensores argentinos e a velocidade do ataque tricolor podem configurar grande vantagem para o Fluminense na partida. O perigo continua sendo Riquelme e sua técnica refinada, mesmo que o jogador já não tenha o vigor e a produtividade de outrora. Se o Flu conseguir encaixotá-lo entre os dois volantes, assim como fez o Corinthians com Ganso, no primeiro tempo do clássico paulista, diminuirá potencialmente as possibilidades de gol do Boca.

Quando uma equipe joga apenas com um meia de criação, caso do Boca, e enfrenta outra que se vale do 4-2-3-1, como o Fluminense, costuma encontrar dificuldades na armação de jogadas, tendo que encostar outro meio campista para que auxilie o enganche solitário. Pode ser o espaço que Deco precisa para colocar Fred na cara do gol e decidir a partida. O jogo tem tudo para ser excelente e emocionante! Deixem seus palpites!

 

Recordar é viver: Prazer, meu nome é Fluminense!

 

Em 2008, Fluminense e Boca fizeram um duelo inesquecível pela semifinal do tão citado e glorioso torneio sul americano, sendo decretada a classificação tricolor após um empate por 2 a 2 na Argentina e, posteriormente, uma grande vitória de 3 a 1 no Maracanã, completamente lotado. Nesta batalha, assim entraram em campo as duas equipes:

 

 

O Fluminense de Renato Gaúcho jogava num 4-5-1, com Thiago Neves mais a frente, praticamente como um segundo atacante. O Boca Jrs. num 4-3-1-2 torto, com Vargas mais preso à marcação e Dátolo auxiliando Riquelme na criação, jogando basicamente como um meia esquerda.

No duelo disputado no Maraca, Arouca mergulhava no espaço deixado por Dátolo, afinal Ygor (o conhecido e temido “perYgor”)  era uma espécie de cão de guarda solto em cima de Riquelme. Com Battaglia saindo para marcar Arouca, sobrou espaço para Conca trabalhar a bola, visto que Cícero ficou preso na marcação do incansável Vargas. O Boca fez 1 a 0 aos 12 minutos do primeiro tempo, em ótima jogada de Dátolo pela esquerda, que cruzou na cabeça de Palermo, que, para variar, guardou na rede adversária.

Após o revés, Renato Gaúcho tirou Ygor e colocou Dodô em campo, substituição que mudou o panorama da partida. O tricolor reagiu, e com gols de Washington (de falta), Conca e Dodô, deu números finais à partida. A grande virtude desse triunfo do Fluminense foi bater um Boca Juniors que vinha arrasando os time brasileiros na Libertadores, e, como demonstrado, possuía um timaço, muito melhor do que o atual. Hoje a situação está invertida: o Fluminense tem o melhor time e é o favorito, fato sabido pelos argentinos, que tem respeitado, até demais, o time do Rio em todas suas declarações.

 

Comentem!!!

Para quem quiser recordar o grande jogo entre Fluminense e Boca  pela libertadores de 2008 segue abaixo o video do campacto do jogo.

 

Victor Lamha de Oliveira


 

 

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