BRASIL 1 x 2 MÉXICO: OURO FICA PARA A OLIMPÍADA DO RIO DE JANEIRO

11/08/2012 14:43

 

Indefinição tática. Após usar o 4-2-3-1 e o 4-4-2 em linhas, com Neymar de segundo atacante, Mano resolveu mudar contra o México. Apostando na habilidade dos jogadores brasileiros, o treinador não se preocupou com o padrão tático. Assim, não espelhou o esquema e deixou de lado o 4-2-3-1. No jogo contra a Coréia, adversário bem inferior tecnicamente, como citado aqui no Painel, Oscar, circunstancialmente, “fugiu” da linha de meio e centralizou na criação, com Rômulo avançando pela direita.

Com esse desenho tático, onde se formou praticamente um losango pelo meio, com Oscar de enganche e Neymar como atacante ao lado de Damião, o jogo brasileiro fluiu e a equipe canarinho conseguiu a vaga na final olímpica 24 anos depois. E a formação que venceu a Coréia deve ter agradado muito ao técnico Mano Menezes, a ponto de fazê-lo abandonar todo trabalho tático e apostar nesse losango torto pelo meio em plena final do torneio.

Para escalar esse 4-4-2 losango, e não desequilibrar o sistema defensivo, Mano criou uma série de compensações táticas não treinadas, o que se mostrou um erro fatal no plano tático. A preparação olímpica da seleção mexicana se iniciou na Copa América do ano passado. Como bem demonstrado por Eduardo Papke Rocha, e reiterado aqui no Painel Tático, o México sempre joga em duas linhas de quatro bem compactas, com exímia obediência tática. Esse foi o desenho inicial da partida:

 

 

Como citado, para “bancar” esse 4-4-2 losango o treinador do Brasil inventou compensações táticas ainda não treinadas. Sandro ficou preso junto à defesa amparado por Alex Sandro, que ficou mais recuado para fazer a cobertura dos avanços de Marcelo. Pelo lado direito, Rafael ficou mais preso para que Rômulo tivesse mais liberdade para auxiliar Oscar na criação. Diante do 4-4-1-1 mexicano, reiteradamente treinado e obediente no plano tático, foi preciso apenas 30 segundos para a casa de Mano Menezes cair.

Os 30 minutos iniciais foram desperdiçados pelo Brasil. Após o gol, a equipe mexicana continuou adiantando as linhas compactas e dificultando o jogo brasileiro. Sem produzir quase nada ofensivamente, e com baixíssimo volume de jogo, Mano Menezes resolveu sacar o perdido Alex Sandro e colocar Hulk, postando o Brasil num típico 4-3-3:

 

 

Porém, foi tardia a tentativa de tentar reverter os equívocos da escalação. O 4-3-3 repentino e apavorado também não conseguiu trabalhar a bola. O time de Mano continuou sem volume, sem substância, sem levar perigo real ao gol mexicano. Assim a partida foi se arrastando até o México fazer o segundo gol e praticamente selar a medalha de ouro. As alterações desesperadas, que foram as entradas de Pato e Lucas, também não surtiram efeito nenhum. O gol de Hulk aos 45 minutos deu esperança, sendo que esta escorreu pelo ralo após a cabeçada para fora de Oscar, livre diante do goleiro. Infelizmente, a justiça foi feita. Dessa vez, sem ajuda da arbitragem, o Brasil sucumbiu diante da melhor equipe.

Apesar da derrota, nem tudo foi perdido nesse trabalho olímpico. Mano deve ter aprendido que ser teimoso como Dunga, Lazaroni e outros, não é o caminho certo para dirigir a Seleção. Enquanto todo mundo clamou pela convocação de David Luís junto com um lateral e Thiago Silva, o treinador teimou e levou Hulk, para deixá-lo no banco na final do torneio. Pelo tempo de preparação, faltou padrão tático. Pelo tempo de trabalho, sobrou indefinição!

 A Seleção ficou devendo no aspecto coletivo, o que prejudicou o desempenho individual dos atletas. Ganso foi um jogador nulo e faltou quando o Brasil necessitou de sua presença. Demonstrou não ser jogador de Seleção Olímpica, o que o desqualifica para pleitear vaga na equipe principal.

Perder com a equipe praticamente principal para o México olímpico e desfalcado de seu melhor jogador, apesar da prata, passa longe de ser um bom resultado. Após toda essa indefinição tática, da equivocada convocação e dos péssimos resultados da equipe principal, acho que o Presidente da CBF poderia começar a pensar em outro nome para o comando brasileiro. Muricy Ramalho e Felipão são meus preferidos. Abraço!

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira