BRASIL 2 x 1 URUGUAI: LINHAS VORAZES QUASE EMBARGARAM A VITÓRIA BRASILEIRA

26/06/2013 22:14

 

Como explicitado aqui no Painel, no último texto, a Celeste uruguaia veio num esquema híbrido. Na transição ofensiva, um 4-3-3 com Suárez e Cavani abertos pelos flancos. Forlán ficava solto pelo centro para distribuir e chegar à área para finalizar. Na transição defensiva, Cavani se juntava ao trio de volantes e formava uma linha de marcação, auxiliando Álvaro Pereira no cerco a Marcelo e Neymar. Já o time brasileiro veio postado no esperado 4-2-3-1:

 

Assim como no jogo contra a Itália, o Brasil iniciou com Hulk pela esquerda, Oscar pela direita e Neymar como ponta de lança pelo centro. Essa formação durou até os 10’ da etapa inicial. Nesse tempo, o Uruguai marcava com a três volantes e os ponteiros auxiliando. Se a jogada brasileira iniciasse pela direita, Suárez descia acompanhando o lateral. No flanco oposto, a missão de marcar o lateral era de Cavani.

 

 

Aos 10’, Felipão alocou Neymar pela esquerda, Oscar no centro e Hulk à direita. Antes mesmo de o craque ir para a beirada, Tabárez já tinha reorganizado a marcação uruguaia em linhas, com Cavani de winger pela direta na transição defensiva. Daniel Alves ficou mais preso por causa de Suárez, posicionado entre ele e Thiago Silva. Em compensação, Marcelo virou ponta esquerda e Neymar buscava o centro para abrir o corredor. Com essa formação e nos 35’ finais, o Brasil teve 67% da posse de bola. Entretanto, parou nas vorazes linhas uruguaias, não tão compactas, mas cheias de raça nas disputas pela bola.

 

 

08’ da etapa inicial: Neymar, com a bola dominada no centro, ainda jogava pelo setor. Porém, como o Brasil já forçava as jogadas pela esquerda, Cavani iniciava sua empreitada dupla: winger sem a bola e ponta no contragolpe.  Circulado de vermelho, o atacante do Napoli já aparece fazendo parte de uma linha de marcação pelo meio.

 

 

Flagrante tático da dedicação de Cavani na marcação. Suárez é o homem mais adiantado pela esquerda, com Forlán circulando pelo meio. Junto dos três volantes postados, ficava Cavani. Na foto, no círculo vermelho ao lado de Marcelo, o atacante foi flagrado fazendo a marcação do lateral brasileiro e a cobertura de Pereira, que voltava de uma subida ao ataque. Também se destaca na imagem Luiz Gustavo, recuando e se responsabilizando pela saída de bola, como tem acontecido desde o início da competição.

 

 

O primeiro tempo teve duas etapas distintas. Até os 12’, quando Júlio César defendeu pênalti cobrado por Forlán e infantilmente cometido por David Luiz, o Uruguai impôs um ritmo lento e conseguiu ser mais objetivo. Com Neymar indo para a esquerda, o Brasil teve 35 minutos de domínio no campo do adversário, somando 67% de posse de bola. Porém, faltaram infiltrações e jogadas mais rápidas e coletivas na frente. A primeira finalização brasileira foi somente aos 16’ em chute de Oscar.

Como também previsto aqui no Painel, Neymar ficou encaixotado entre quatro marcadores pela esquerda (Pereira, Cavani, González e Lugano). Muito marcado e sem a aproximação de Oscar, pouco produziu. Marcelo até tentou avançar para auxiliar o jovem craque, mas Cavani, jogando com um segundo lateral direito, impossibilitou a abertura de espaço. Mais uma vez, Oscar atuou mal e faltou criação ao time canarinho. Talvez por isso uma sensação que faltou organização, apesar do time ter conseguido manter a estrutura durante quase toda a etapa inicial.

Aos 40’, Paulinho lançou Neymar, que dominou com classe no peito e tentou tirar de Muslera. O arqueiro uruguaio impediu o gol, mas no rebote, Fred bateu da única forma possível para guardar no fundo das redes: 1 x 0 para o Brasil. Mais uma vez, o faro de gol do atacante do Fluminense tem justificado a camisa 9 e a confiança do treinador. Fred também tem se movimentado muito mais, saindo da área e sendo mais combativo na marcação. Segundo o atacante, um pedido feito por Parreira antes do jogo contra a Itália.

 

Painel tático da segunda etapa: com a equipe uruguaia empatando a partida logo em seu reinício, fechou-se a Celeste em linhas, continuando o cerco a Neymar. Como solicitado aqui no Painel, aos 18’ saiu Hulk e entrou Bernard. É inegável que a entrada do garoto mudou a cara do jogo. Voando pela direita e se movimentando bastante, alargou a marcação e aumentou o espaço para Neymar, que passou a participar mais da partida. Aos 27’, saiu o novamente apagado Oscar e entrou Hernanes, ficando o Brasil postado num 4-3-3. Hernanes ficou responsável pela organização e Paulinho foi liberado para fazer o que gosta: chegar à área do adversário. Tabárez, aos 36’, tirou González e colocou Gargano para cuidar de Hernanes.

 

 

Na segunda etapa, Cavani continuou dobrando a marcação pelo flanco esquerdo e se atirando ao ataque como ponta. Pela obediência e dedicação tática foi premiado com o gol de empate da Celeste, o que deixou o time brasileiro pressionado até o gol salvador de Paulinho.

 

 

Aos 2’ do segundo tempo, a defesa do Brasil se atrapalhou e o Uruguai empatou. David Luiz afastou mal e a bola sobrou para Thiago Silva que, ao invés de isolar a bola, tentou sair jogando com Marcelo e entregou no pé de Cavani. O atacante bateu cruzado no cantinho de Julio César, empatando o duelo. Os 15’ minutos iniciais da etapa complementar foram péssimos para o Brasil, totalmente desorganizado na transição ofensiva. As linhas uruguaias não eram tão compactas, mas lutavam muito na marcação.

Aos 18’, Bernard entrou com sua “alegria nas pernas” e o Brasil cresceu ofensivamente. Se movimentando muito, a revelação atleticana alargou a marcação e entregou mais espaço para Neymar, que cresceu na partida. A entrada de Hernanes aos 27’ e a formação do 4-3-3 empurraram as cansadas linhas de Tabárez para o campo de defesa. Com o demonstrado ímpeto pelo gol, comum ao time brasileiro nessa Copa das Confederações, mesmo que na base do abafa, ficava visível que o gol era questão de tempo.

E o tento da classificação saiu na bola parada, apesar dos 63% de posse da família Scolari. Aos 40’, após bela cobrança de escanteio feita por Neymar, Paulinho subiu na segunda trave e escorou para o fundo das redes: 2 x 1 Brasil. A Seleção não teve uma atuação primorosa no aspecto técnico, mas a partida foi bem equilibrada taticamente, buscando as duas equipes jogar o tempo todo de acordo com as determinações de suas comissões técnicas.

O torcedor brasileiro é exigente pela brilhante história de sua Seleção, mas o Uruguai tem uma equipe qualificada no ataque, dedicada na marcação e padronizada taticamente. Além da motivação extra proporcionada nos jogos contra o Brasil. Num jogo que foi uma verdadeira guerra pela bola e diante do congestionamento causado pela marcação uruguaia, o Brasil teve a predominância da bola e sofreu somente quando errou. Falta consistência e uma ocupação mais inteligente dos espaços no ataque. Time campeão também precisa de sorte, estrela, o que possuí Paulinho e Felipão. Abraço!

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira

 

Tópico: BRASIL 2 x 1 URUGUAI: LINHAS VORAZES QUASE EMBARGARAM A VITÓRIA BRASILEIRA

Perfeito!

Cícero | 27/06/2013

De todas as inúmeras análises que encontrei pela web a sua é a mais completa! Parabéns pelo trabalho!

Ótima Analise!

Alan Jam | 27/06/2013

"Como também previsto aqui no Painel, Neymar ficou encaixotado entre quatro marcadores pela esquerda (Pereira, Cavani, González e Lugano). Muito marcado e sem a aproximação de Oscar, pouco produziu. Marcelo até tentou avançar para auxiliar o jovem craque, mas Cavani, jogando com um segundo lateral direito, impossibilitou a abertura de espaço. Mais uma vez, Oscar atuou mal e faltou criação ao time canarinho. Talvez por isso uma sensação que faltou organização, apesar do time ter conseguido manter a estrutura durante quase toda a etapa inicial."


Perfeita esta análise, se resume como eu pensava.

Agora acho que contra Espanha o Brasil tem de a melhorar em alguns quesitos:

Aproximação- Sentir que nesse jogo Marcelo não teve aquelas tabelinhas que fazia com Neymar no inicio do torneio. teve horas que ele carregava a bola e não tinha o que fazer ai forçava o corner ou cavar pênalti. (Engraçado que o gol saiu de um corner de uma jogada assim de Marcelo). No outro lado D. Alves fez o feijão com arroz bem feito, porém falta ele ir na linha de fundo, já que Hulk corta pra dentro, Mas com a entrada de Bernard ele se sentiu mais tranquilo e jogou bem.

Atenção- Os nossos zagueiros vem cometendo algumas falhas bestas, desde o jogo contra o México que venho percebendo; Quando é pra sair jogando eles dão chutões e quando é para rifar eles querem sair jogando, resultou no gol de Cavani. (contra o México o Marcelo achou de dar um lençol e quase que o Brasil toma o gol de empate).

E Alguns outros detalhes que no decorrer da partida se ajeitam ;)

Bola parada

Bruno Kaehler | 27/06/2013

Mesmo com maior posse de bola, a marcação do Uruguai estava bem encaixada e o Cavani segurou os avanços do Marcelo de forma muito eficiente. Só na bola parada mesmo pra sair o segundo gol! Ótimo texto, Victor, como sempre!

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