ESPANHA VENCE OS FRANCESES EM PARIS E PRATICAMENTE CARIMBA O PASSAPORTE PARA 2014

26/03/2013 20:52

 

Uma derrota no duelo de hoje entre França e Espanha, disputado no Stade de France, significaria para os espanhóis, praticamente, a ida para a repescagem das eliminatórias européias. Lembrando que a Espanha não deixa de disputar um mundial de seleções desde 1974. A vantagem no Grupo I, antes do jogo, era totalmente dos franceses, ficando a Fúria pressionada (como há tempos não se via). A Espanha, vencedora das duas últimas Eurocopas e da Copa 2010, precisava vencer no campo do adversário.

Prometendo buscar a vitória, o técnico francês Didier Deschamps não entrou nessa de favoritismo, que mesmo com a situação adversa, após o empate contra a Finlândia, ainda era dos espanhóis. Como sabia ser quase inevitável lutar contra a Fúria pela posse da bola, lançou linhas de marcação e, nitidamente, sua estratégia era atrair a Espanha para aplicar os contragolpes em velocidade. Foi por isso que tirou Giroud do time, colocando o volante Cabaye.

 

Painel tático do primeiro tempo: Espanha no 4-3-3 e a França com uma linha de cinco pelo meio, desenhando em campo um retraído 4-5-1. No time de Del Bosque, Xavi buscava jogar entre as linhas, sempre procurando espaço às costas de Matuidi. Já os Blues, em sua linha de cinco pelo meio, tinham Ribéry mais espetado para puxar os contragolpes e Valbuena mais dedicado a marcação pelo flanco direito. Retraída demais, a França jogou praticamente toda a primeira em seu campo de defesa.

 

 

Ficou nítida a estratégia de contragolpe montada por Deschamps. O time francês chamou a Espanha para seu campo de defesa, quase sofrendo o gol aos 05’ com Monreal recebendo nas costas de Jallet e cruzando para Xavi, que sozinho na cara do gol bateu para fora. Aos 15’, a Espanha tinha 70% da posse de bola e encurralava o time francês com os laterais avançados e os meias alternando bastante de posição. Xavi buscava espaço às costas de Matuidi e Xabi Alonso tentava organizar o jogo.

Deschamps embolou o meio e fechou os flancos, tentando tornar a posse espanhola improdutiva. Assim, poderia decidir num contragolpe ou no erro do adversário, o que ocorreu aos 39’, com Ribery que, após receber lançamento pela esquerda, ganhou de Piqué e saiu na cara do goleiro Valdés, que fez uma intervenção milagrosa. Os laterais demonstravam a diferença das estratégias: os franceses presos como zagueiros e os espanhóis soltos, quase como ponteiros.

Iniesta centralizou bastante para abrir um corredor pelo flanco esquerdo, empurrando Monreal para cima do fraquíssimo Jallet, propiciando algumas boas jogadas pelo setor para o time espanhol. O time de Del Bosque teve a bola, porém a dificuldade de penetrar na área era enorme, mesmo com Villa fazendo a referência na frente. Além de uma linha de quatro na defesa e outra de cinco pelo meio, o time francês conseguiu se compactar bem no campo de defesa, dificultando aquele costumeiro último passe letal do time espanhol.

Na segunda etapa, as duas equipes voltaram iguais, tanto no aspecto tático quanto no estratégico. Com os mesmos jogadores, a França até tentou esboçar um adiantamento das linhas nos primeiros minutos, mas logo depois foi empurrada para trás pelo adiantamento da marcação espanhola. Na Espanha, Del Bosque prendeu Arbeloa para cuidar de Ribéry e soltou Monreal para cima de Jallet, sempre contando o time espanhol com as centralizações de Iniesta.

E foi assim que a Espanha conseguiu o gol, aos 12 minutos da etapa final. Pedro acertou uma linda virada de jogo para Monreal, que ganhou fácil do apático Jallet e cruzou para o próprio Pedro marcar: 1 x 0 para a Espanha e silêncio no Stade de France. Mesmo tendo uma boa chance com Matuidi aos 19’, a França, apesar de querer atacar mais, continuava encurralada em seu campo de defesa pela marcação espanhola, que se adiantava e dificultava muito a saída de bola do time de Deschamps.

Aos 16’, Del Bosque tirou Villa, centralizou Pedro e colocou Navas, já pensando no contragolpe e tentando aumentar a articulação pelo meio. Nesse momento a Espanha se desenhou no 4-2-3-1, com Alonso e Busquets mais à frente da zaga e Xavi encostando-se mais ao ataque. Com o placar adverso, Deschamps, aos 25’, decidiu também mudar seu esquema, espelhando o 4-2-3-1 espanhol: saiu o volante Cabaye e entrou o meia-atacante Ménez.

 

Panorama tático do segundo tempo após os 25 minutos: Espanha e França redesenhadas no 4-2-3-1. No lado espanhol, Del Bosque tirou a referência e colocou Fàbregas no lugar de Pedro aos 31’. Na França, Ménez entrou para jogar nas costas de Alonso, com Valbuena caindo mais pela esquerda para jogar próximo de Ribéry.

 

 

Entretanto, a estratégia de Deschamps foi inutilizada quando Pogba foi expulso aos 33’. O 4-2-3-1 francês durou apenas oito minutos em campo, não rendendo quase nada diante da marcação espanhola. Sem muitas opções, o treinador dos Bleus tirou Benzema (que saiu vaiado) e colocou Sissoko, montando duas linhas de quatro com Ribéry solto na frente, desenhando em campo um 4-4-1. Com a vitória nas mãos, o time espanhol fez o que mais sabe: segurar a bola. Sem a pelota, a França nem o abafa conseguiu realizar, saindo derrotada de campo.

Duas mentiras foram contadas antes da partida: uma por Deschamps, que prometeu buscar a vitória e a outra pela opinião pública, que apontou a França como favorita. A Espanha, até que seja derrotada numa competição de peso, como a Euro ou a Copa do Mundo, vai continuar sendo a favorita contra qualquer outra seleção, assim como o Barcelona continua favorito contra qualquer outro time do planeta. Isso porque são as duas equipes mais coletivas e entrosadas do futebol mundial, desfilando em campo a essência do padrão tático. Abraço!

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira

 

Tópico: ESPANHA VENCE OS FRANCESES EM PARIS E PRATICAMENTE CARIMBA O PASSAPORTE PARA 2014

Nenhum comentário foi encontrado.

Novo comentário