KAKÁ RETORNA AO BRASIL JOGANDO PELA ESQUERDA

12/10/2012 18:30

 

O Brasil enfrentou o Iraque e, como esperado, aplicou uma goleada de 6 a 0 no frágil rival. A partida não seve como parâmetro, mas como bem salientando por André Rocha, valeu para testar Kaká e a movimentação de ataque com sua presença. O “treino de luxo”, definição perfeita de Eduardo Papke Rocha para a partida, não deixou de ser um teste importante, justamente por ser a volta de Kaká e pelo fato do atleta ser testado jogando pela esquerda, o que não era esperado taticamente.

 

4-2-3-1 de Mano com a volta de Kaká: craque voltou jogando na meia lateral esquerda, com Oscar centralizado, Hulk mais incisivo pela direita e Neymar de falso 9. Com Kaká mais meia do que atacante e Hulk mais atacante do que meia, podemos dizer que, por vezes, o 4-2-3-1 canarinho tinha a dinâmica de um 4-2-2-2.

 

 

A ausência do camisa 9 foi sentida até na numeração, com Hulk usando a camiseta 20. Na busca incessante pela formação de uma equipe, depois de Oscar, que mudou a cara da Seleção, Mano parece receber outro presente dos deuses do futebol: a volta de Kaká, jogador que trás, além de inestimável qualidade técnica, um toque de experiência necessário. Abaixo trecho do post de André Rocha no Olho Tático, agora na ESPN, intitulado de “Goleada brasileira valeu para testar Kaká e a capacidade de abrir defesas”:

 

- “Apesar do abismo técnico entre Brasil e Iraque, o amistoso valeu para encaixar Kaká na vaga de Lucas no quarteto ofensivo idealizado por Mano Menezes para o 4-2-3-1 sem uma referência fixa na frente. O camisa oito não jogou como “falso nove”, mas se movimentou a partir da esquerda, trabalhou bem com Marcelo, Neymar, Hulk e Oscar e marcou belo gol”.

 

A expectativa era Kaká centralizado na meia do 4-2-3-1, encostando-se a Neymar e alternando na função de falso 9. Entretanto, Mano declarou e demonstrou que não pretende tirar Oscar da meia central, tanto que o garoto continua vestindo a camisa 10, o que demonstra a opção do treinador em mantê-lo como referência de criação e dinâmica no meio de campo. Além de privilegiar o jogador, tão importante e necessário na montagem da equipe, como muito bem percebido por André Rocha, o esquema com falso 9 também se mostra benéfico taticamente para Oscar:

 

- “Mais adiantado, Neymar foi mais solidário que artilheiro. Participou de cinco dos seis gols, cobrou falta na cabeça de Paulinho, que acertou o travessão no primeiro tempo. Apesar do bom desempenho e do gol na segunda etapa, o time pode trabalhar mais para serví-lo. Oscar é que foi o principal beneficiado pelo esquema sem centroavante de ofício. Jogando centralizado, apareceu nos espaços vazios para marcar dois gols, com assistências de Neymar e Kaká. E ainda perdeu uma ótima chance diante do goleiro”

 

A grande questão que surge é a seguinte: vale a pena sacrificar dois craques em detrimento de um? Kaká e Neymar estão jogando fora de posição, além da aposta de jogar sem um centroavante, algo não comum para nosso futebol. E toda essa mudança parece ser uma necessidade advinda da presença de Oscar no centro da meiuca. Ou, quem sabe, também uma forma de manter Hulk no time, eterna aposta do treinador canarinho.

Acho que Kaká também tem qualidade para coordenar as ações ofensivas pelo centro, até por ser muito mais experiente que o brilhante Oscar. O garoto, aliás, tem mais velocidade e também qualidade para jogar pelos flancos. Então, ao invés de sacrificar Neymar e Kaká e abdicar do centroavante, porque não deslocar Oscar para a direita e colocar um camisa 9 genuíno na vaga de Hulk? O que é tão intocável: a centralização de Oscar ou a opção por Hulk?

O que me preocupa é a questão do tempo e o treinamento necessário para se aplicar a estratégia de jogar sem centroavante. Em post intitulado “Mano opta por 4-2-3-1 sem 9 de origem”, no excelente Nó Tático, Eduardo Papke Rocha explicou com propriedade como funcionou Oscar centralizado e Kaká pela esquerda:

 

- “Diferentemente de outros carnavais, Oscar atuou centralizado e com movimentação do meio para frente, três quartos do campo, não teve movimentação padronizada de recuar e organizar. Inversão de papeis com Neymar e Kaká. A leitura tática de Oscar oferece ao treinador diversos movimentos padrões para compensar certas movimentações. Uma delas é quando, Neymar, naturalmente, sai da área e Oscar logo se dispõe a ocupar espaço do camisa onze, a fim de não deixar buracos e manter esquema base”.

 

Como ensinou Eduardo, a inteligência tática sutil e natural de Oscar pode equilibrar o setor ofensivo brasileiro, com Neymar pela esquerda, Kaká lendo o jogo pelo centro e Fred, ou Damião, trabalhando na ponteira de ataque. Abaixo flagrantes táticos do Brasi feitos por Eduardo no Nó Tático:

 

“Flagrante tático. Brasil postado no 4-2-3-1”.

 

“Flagrante tático. Brasil no 4-2-3-1 iniciando transição ofensiva. No detalhe: laterais avançados. Reparem que meias estão próximos e bloco do meio campo dividido em dois: volantes próximos dos zagueiros e meias em aproximação a Neymar”

 

 

Outra observação interessante do texto de Eduardo foi a escalação de meias com os pés invertidos pelas laterais. A discussão foi levada ao Grupo Discussão tática e abaixo transcrevo primeiramente o texto do Nó Tático e posteriormente o citado debate:

 

- “Kaká e Hulk: Ambos atuaram de pés trocados – destro na esquerda e canhoto na direita – com intuito de abrir corredor para lateral fazer ultrapassagem. Kaká não ficou preso pelo flanco esquerdo, corriqueiramente aparecia no centro ou ao lado de Hulk”

 

Agora a transcrição do debate no grupo Discussão Tática no Facebook:

 

- Victor Oliveira: “Essa observação foi ótima e pode até virar pauta de discussão aqui no grupo: " Kaká e Hulk: Ambos atuaram de pés trocados – destro na esquerda e canhoto na direita – com intuito de abrir corredor para lateral fazer ultrapassagem". Você acha que Mano escalou os dois dessa forma com esse propósito tático ou porque Hulk joga bem na direita e Oscar é o dono do meio?

- Eduardo Papke Rocha: “Baita questão Victor Oliveira. Acho que ele os escalou assim para utilizar a infiltração de Kaká e Hulk, visto que ele já utilizou meias de pés certos, nos jogos olímpicos, e não deu resultado.
Pesa também a sua colocação que Hulk só vem dando resultado na direita e Oscar é o "único" camisa 10 atual”.

 

Continuo torcendo, porém desconfiado quanto à estratégia de jogar com Neymar de falso 9. Também me preocupa a capacidade física de Kaká jogando pelos flancos e participando intensamente dessa troca de posições. Pela inteligência tática e contando com a fragilidade do adversário, Kaká surpreendeu e jogou de forma fácil como extremo, taticamente e tecnicamente. Entretanto, eu ainda prefiro Kaká no centro com Neymar pela esquerda e um centroavante.

 

4-2-3-1 mais equilibrado com Kaká pelo centro, Neymar pela esquerda e Oscar usando sua inteligência tática e movimentação pela direita. Com o uso do centroavante, um time que pode ser mais letal e ter mais cara de futebol brasileiro.

 

Como testou a formação com falso 9, na partida contra o Japão, eu testaria a Seleção com Damião no time, visto que o treinador demonstra limpidamente não estar tão convicto do 4-6-0 brasileiro. Eu também não estou, e continuo achando que a implementação do falso 9 é uma ideologia a ser testada. Temos tempo? Não seria melhor já treinar o mais simples? Aguardo a opinião de vocês! Abraço!

 

 

 

Referências:

 

Nó Tático – Eduardo Papke Rocha – “Mano Opta por 4-2-3-1 sem 9 de origem

https://notactico.blogspot.com.br/2012/10/mano-opta-por-4-2-3-1-sem-9-de-origem.html#.UHh7Y4aoW1v

 

Olho Tático – André Rocha – “Goleada brasileira serviu para testar Kaká e a capacidade de abrir defesas

https://espn.estadao.com.br/post/286713_goleada-brasileira-valeu-para-testar-kaka-e-a-capacidade-de-abrir-defesas

 

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Victor Lamha de Oliveira

 

 

Tópico: KAKÁ RETORNA AO BRASIL JOGANDO PELA ESQUERDA

Re:Volta de Kaká

Victor Lamha de Oliveira | 16/10/2012

Grande Danilão! Obrigado pelos elogios amigo! Sobre o Hulk, eu concordo com você: é raçudo, esforçado, um bom finalizador e, quem sabe, um bom jogador para o grupo da Seleção. Porém, titularidade não é para ele. Temos opções com mais qualidade técnica, sendo Fred e Lucas dois grandes exemplos! Abraço!

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