PAINEL TÁTICO ILUSTRA A NOTÍCIA: SCOLARI COGITA DAVID LUIZ COMO VOLANTE

09/02/2013 12:11

 

Muitos se assustaram. Outros se animaram. Entretanto, os mais desconfiados sabiam que a primeira convocação da Seleção não iria demonstrar aquilo que Felipão pensa sobre uma equipe competitiva. Sabendo que vários jogadores do Brasil estão em início de temporada, mudou algumas peças, fez algumas apostas, mas, no todo, manteve o esquema e a forma de jogar utilizada no final do trabalho de Mano Menezes.

Taticamente, a única alteração foi com relação ao posicionamento de Neymar, que voltou a jogar pelo lado esquerdo, abandonando a função de falso 9. Assim, o Brasil saiu do 4-6-0 de Mano e voltou a atuar num autêntico 4-2-3-1, utilizando Scolari um centroavante de ofício. Mas, o que mais estranhou na convocação para o último jogo, de forma inegável, foram os volantes chamados.

A lista com Arouca, Hernanes, Ramires e Paulinho, causou estranheza em todos, incluindo torcedores, imprensa e ex-jogadores. E o primeiro volante? E o camisa 5, tão característico no nosso futebol e nos times de Felipão? Quando Hernanes machucou, parecia ser esse o momento para o treinador brasileiro ceder ao desejo de ter no time pelo menos um volante marcador. Só para contrariar, o “bigode” convocou Jean. Estranho? Creio que explicável.

Dentro do trabalho sofrível de Mano, destacou-se o final, quando o ex-treinador da Seleção conseguiu, enfim, montar uma equipe ao menos competitiva. E o que proporcionou essa melhora foram 3 fatores: a volta de Kaká (jogando bem), Neymar de falso 9 e o advento de dois volantes técnicos, algo muito solicitado (me incluo nessa lista) por todos nós que pleiteamos uma Seleção com mais cara de futebol brasileiro.

Assim, Felipão foi sagaz e mexeu naquilo que “podia”. Preferiu Ronaldinho em detrimento de Kaká. Quanto a isso, é uma questão de opinião. Alguns querem Ronaldo, outros querem Kaká e ainda tem aqueles que não querem nenhum dos dois. Quanto a Neymar, voltou com o atleta para a esquerda, como solicitado pela maioria (me incluo nessa lista). Sabia que colocar um matador não iria causar uma impressão negativa, muito pelo contrário.

Mas, com relação aos volantes, o tarimbado treinador preferiu, inicialmente, não mexer. Voltar com o volante marcador na primeira convocação iria estigmatizar o trabalho e dar uma impressão de retrocesso. Para não haver nem especulação, Felipão não convocou nenhum primeiro volante, recheando a lista com volantes técnicos e que saem para o jogo. Doce ilusão.

Felipão e Parreira podem não estar tão atualizados, mas entendem, dentro de suas convicções, muito de futebol. Como ilustrado por André Rocha no seu texto sobre o jogo entre Brasil e Inglaterra, Mano Menezes centralizou Neymar no ataque com o escopo de diminuir a dificuldade evidente do atleta em jogar contra marcações compactas. Vale à pena ler o elucidativo trecho do texto de André Rocha:

 

- Neymar segue com problemas diante de marcações compactas quando joga aberto pela esquerda. Foi assim contra Vélez Sarsfield e Corinthians na Libertadores e segue na seleção. Por isso Mano Menezes o deslocou para o centro do ataque. A explicação do treinador demitido pela CBF para a mudança à época era simples: Neymar recebe na intermediária e o lateral adversário encosta. Quando domina, o meia recua para auxiliar, o volante marca a linha de passe e o zagueiro faz a cobertura. Cercado por quatro em espaço tão reduzido, a Jóia santista não consegue driblar em velocidade e partir em diagonal.

 

Além disso, Mano também percebeu ao longo de seu trabalho que Neymar não recompõe, o que praticamente “obrigou” o ex-treinador a escalá-lo livre pelo ataque, como joga no Santos. Sem compor a linha na transição defensiva, e não rendendo nada ofensivamente, não restou a Mano Menezes outra alternativa senão mudar o posicionamento de Neymar. Resultado? Melhorou a equipe e o rendimento do atleta.

 

No exemplo, uma demonstração tática de como os usuários do 4-4-1-1 compacto encaixam a marcação nos times que usam o 4-2-3-1. Um dos volantes cuida do meia central e até o único meia ofensivo do 4-4-1-1 marca o volante que avança no 4-2-3-1. Fica também ilustrado o cerco a Neymar descrito por André Rocha. Felipão sabe disso, mas não deve usar Neymar de falso 9. Sua intenção é, gradativamente, aumentar o poder de marcação para liberar o craque.

 

 

Como ensinado aqui no Painel, no último post sobre o jogo Brasil e Inglaterra, o fato de Neymar não ajudar na marcação desequilibrou todo o sistema defensivo do Brasil. Ramires foi cobrir o lado esquerdo, Paulinho ficou perdido pelo centro marcando três ingleses e Oscar teve que recuar, de formar desordenada, para praticamente fazer um terceiro homem de meio. Cercado sempre, no mínimo por três jogadores, e não marcando, Neymar fez uma de suas piores partidas pela Seleção Brasileira. Era o respaldo que Felipão precisava para começar seu trabalho, montando seu time com o costumeiro apego à marcação. Abaixo a notícia ilustrada do globoesporte.com:

 

 

Felipão vai estudar meio-campo mais marcador para os próximos jogos

 

Técnico admite possibilidade de mudar formação, que teve Paulinho e Ramires como volantes. David Luiz pode jogar como volante diante da Rússia

 

O técnico Luiz Felipe Scolari minimizou a derrota para a Inglaterra em sua reestreia no comando da seleção brasileira. Apoiado na diferença física entre as equipes, já que os europeus estão em meio de temporada, ele considerou normal o resultado de 2 a 1, mas admite que deverá fazer algumas correções já para o amistoso contra a Rússia, no dia 25 de março. Uma das mudanças poderá ser no meio-campo. A formação com Ramires e Paulinho de volantes deixou dúvidas na cabeça do comandante.

Ambos atuam de forma mais adiantada em suas equipes. No Corinthians, Paulinho é protegido por Ralf, cujo ponto forte é a marcação. Já Ramires sempre tem pelo menos um jogador mais recuado do que ele no Chelsea. Muitas vezes esse atleta é o zagueiro David Luiz, que nos últimos meses vem atuando como volante. Essa é uma possibilidade que ronda a cabeça de Felipão.

- No Chelsea, o David Luiz joga muito mais de volante do que de zagueiro. Temos de analisar isso, e também se podemos atuar contra grandes seleções com dois jogadores que saem o tempo todo. É natural que o primeiro jogo traga um pouco mais de trabalho para o técnico - afirmou.

Diante da Inglaterra, em vários momentos a equipe brasileira teve o meio escancarado, e foi justamente nesse setor, com grandes atuações de Gerrard e Wilshere, que os anfitriões conseguiram dominar a partida. Felipão quer ver seus jogadores mais compactos e, para isso, admite convocar e escalar um jogador de características mais defensivas.

Em sua primeira lista, nenhum dos atletas de meio-campo tinha a marcação como ponto forte. Arouca e Jean, que entraram no segundo tempo, também não atuam assim em seus clubes. Hernanes, que foi cortado após um traumatismo em uma queda no Campeonato Italiano, também não é o chamado primeiro volante. O comandante ressalta, porém, que é preciso haver um entrosamento entre esses jogadores.

Depende (se vai convocar um volante marcador). Precisamos ver quem teremos à disposição, quem vai jogar. Às vezes um primeiro volante tem de ser adaptado a um segundo que sai mais. É preciso estudar uma série de coisas.

 

 

A opção por volantes técnicos, na verdade, durou apenas 45 minutos. Já no intervalo, Felipão colocou Arouca que entrou bem plantado à frente da zaga, o que aumentou consideravelmente a proteção no setor. Confesso que me agrada a formação com volantes técnicos, mas para isso tem que existir recomposição maciça dos meias extremos e centrais na formação da linha de meio da transição defensiva. Como Oscar, Lucas e, muito menos Neymar, não recompõe bem, a lógica é voltar o camisa 5, alterando significativamente o esquema.

 

Time com mais jeito de Felipão: Novamente um esquema de compensações para liberar mais Daniel Alves pela direita (ou os dois laterais quando Marcelo voltar) e um trio de craques na frente, como fizera em 2002 com Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo. Quando David Luiz vira terceiro zagueiro, o segundo volante se torna o primeiro e Oscar vem compor o espaço de “segundo volante”. Tudo para R10 (ou outro meia central), Neymar e o centroavante terem liberdade para decidir. 4-2-3-1 torto ou 4-3-2-1 (ou até mesmo um 3-5-2) disfarçado? Pelos elogios e críticas do treinador após a partida, essa é uma provável equipe para o próximo duelo.

 

 

Creio que agora o mais importante é montar uma equipe, independente de qualquer coisa. É triste ver o Brasil jogar como se apresentou diante da Inglaterra. Coletivamente, parecia um bando vestido de amarelo. Também não acredito em Neymar marcando e rendendo ofensivamente ao mesmo tempo. A solução é deixar o “bigode” se esbaldar em seus preceitos na montagem da equipe. Esse time que atuou contra a Inglaterra foi a base de Mano Menezes remendada. Nada além disso. Abraço!

 

 

https://espn.estadao.com.br/blogs/olhotatico#1

 

https://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2013/02/felipao-vai-estudar-meio-campo-mais-marcador-para-os-proximos-jogos.html

 

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira

 

Tópico: PAINEL TÁTICO ILUSTRA A NOTÍCIA: SCOLARI COGITA DAVID LUIZ COMO VOLANTE

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Marcus Vinicius | 12/02/2013

Salve Victor!

Teremos de jogar com um camisa 5 de oficio na minha opinião. O Felipão com certeza já sabia disso, mais como em algumas partidas com o Mano, a seleção se "portou bem" com 2 volantes que saiam mais para o jogo, creio eu que ele quis fazer mais um teste.

Acredito muito nesse "3-5-2 disfarçado", como os nossos laterias teoricamente titulares apoiam bastante e nossos meias nao sabem recompor muito bem creio que o painel tatico da seleção sera um tanto parecido com a selação de 2002, porem, "modernizado" se é que podemos assim definir.

A grande verdade é que todos nós estamos com vontade de vermos a seleção brasileira voltar a ser protagonista,respeitada e acima de tudo voltar a dar alegria para o seu torcedor, com seu futebol envolvente, esbanjando talento e criatividade.

Abraço!

Re:.

Victor Lamha de Oliveira | 23/02/2013

Salve Marcus! Como você bem colocou, esse "3-5-2" disfarçado" propicia ao time brasileiro jogar com Marcelo e Daniel Alves sem perder a segurança defensiva, tão adorada por Felipão. Sobre esbanjar talento e criatividade, acho que primeiramente temos que voltar a ter um time competitivo, que volte a jogar de forma mais coletiva. Obrigado pela participação! Abraço!

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