TUPI 0 x 0 CALDENSE: JOGO FRACO TECNICAMENTE E EMPATE JUSTO

17/02/2013 03:01

 

Tupi e Caldense fizeram um jogo fraco tecnicamente e o empate sem gols foi o resultado mais adequado para a partida. As duas equipes, que haviam empatado na rodada de abertura, voltaram a empatar e continuam sem vencer no campeonato, somando apenas 2 pontos em 6 disputados. Não quero ser pessimista, sei que é apenas o início, mas a situação já começa a ficar preocupante para o Galo Carijó.

No plano tático, os dois times vieram postados no mesmo esquema, porém com execuções diferenciadas. O 4-2-3-1 Carijó tinha dinâmica de 4-2-2-2, com Paulinho mais meia e Cassiano fazendo uma espécie de segundo atacante aberto pela direita. Já o 4-2-3-1 da Veterana tinha uma execução mais equânime, com um atacante enfiado e uma linha bem determinada de três meias:

 

Tupi e Caldense atuando no 4-2-3-1: no Galo, Paulinho habitava o flanco esquerdo simplesmente para compor espaço. Estrategicamente, era um meia armador ao lado de Hugo. Já Cassiano, como dito, fazia uma espécie de segundo atacante aberto pela direita, tendo a função de entrar mais na área para juntar-se a Ademilson. Genalvo ficou mais plantado em frente à zaga e Rafael Toledo ganhou bastante liberdade para auxiliar na criação, o que não aproveitou bem. O lateral esquerdo Ygor fez algumas centralizações interessantes, o que pode ser mais trabalhado para se tornar mais eficaz. Na Caldense, um 4-2-3-1 mais equilibrado com dois meias extremos procurando os flancos, um atleta na criação e um atacante enfiado. Tecnicamente, as equipes também empataram e decepcionaram suas torcidas.

 

 

O Tupi começou o jogo muito mal. Aos 8 minutos, o goleiro Jordan já tinha feito duas grandes defesas, salvando o time. Nas palavras do xodó da galera, o mítico Ivan Costa, “foram duas intervenções esplêndidas de Jordan”, que evitaram um gol logo no início. Como bem observado por Ricardo Wagner, o Tupi “errava em demasia a saída de bola, aceitando a pressão inicial da Caldense”.

Somente aos 16 minutos um lance de “perigo” do Carijó, assim mesmo com Hugo batendo falta. O goleiro Gleisson fez bela defesa no ângulo superior direito da meta da Veterana. A partir daí o Tupi começou a ficar mais com a bola, mas a posse lembrou muito a da Série C que custou o rebaixamento: enfadonha e pouco produtiva. Aos 21’ Jordan fez outra grande defesa, afinal a Caldense encontrava muito espaço pelos flancos.

Apesar de certa organização tática, o time de Juiz de Fora apresentou vários problemas estruturais. Cassiano e Paulinho, por exemplo, marcavam os laterais adversários, realizando de forma correta a marcação pelos flancos. Entretanto, velhos problemas ficaram perceptíveis: Ademilson isolado na frente, transição da defesa para o ataque extremamente lenta e falta de objetividade, de ser o time mais agudo, mais incisivo.

Aos 25’ a primeira jogada coletiva do Carijó, que chegou com Cassiano pelo fundo. A defesa da Caldense afastou o perigo iminente de finalização do adversário. Logo após, aos 28’, a melhor chance do Galo na partida: Rafael Toledo cabeceou no travessão após cobrança de escanteio. Por fim, aos 40’ Ademilson entrou livre na área, demorou a finalizar e bateu para fora. Foi o último lance de perigo da primeira etapa. Abaixo alguns flagrantes táticos dos 45 minutos iniciais:

 

 

Panorama geral: nos círculos escuros o 4-2-3-1 do Tupi. Ao lado das bolas amarelas os jogadores da Caldense desenhando em campo o mesmo desenho tático. Percebam Cassiano mais recuado se preocupando em marcar o lateral esquerdo do adversário.

 

 

Linha de três meias e Ademilson mais à frente. O Tupi formava um 4-2-3-1 mais equilibrado na transição defensiva. Os laterais da Veterana alinhavam-se aos volantes, o que afastou o time da casa de perto da área.

 

 

Apesar de tentar marcar em duas linhas, a Caldense não tinha compactação e deixava muito espaço para o Tupi jogar. Percebam na foto o corredor que o lateral Maguinho tinha, assim como Hugo, Rafael Toledo e Paulinho. O problema do Galo foi tocar a bola de forma lenta e pouco objetiva, não aproveitando em nada os espaços deixados pelo adversário no tablado.

 

 

4-2-3-1 com dinâmica de 4-2-2-2: na transição ofensiva, o Tupi jogava, por vezes, com o costumeiro “quadrado” na meiuca. Paulinho recuava para auxiliar Hugo na criação e Cassiano se adiantava, virando atacante ao lado de Ademilson.

 

 

Tupi com a bola e outro flagrante tático do 4-2-2-2 na transição ofensiva.

 

 

Como classificado por André Rocha, um típico “4-2-3-1 torto”, com um dos meias extremos mais agudo e outro auxiliando na criação. Toledo teve bastante liberdade para chegar à frente, como mostra a foto, mas não esteve inspirado e não aproveitou a liberdade, nem os espaços.

 

 

Outro problema estrutural do Carijó: vejam a distância entre Cassiano e Ademilson. Tudo bem que Cassiano tinha a obrigação tática de marcar o lateral adversário, mas esse distanciamento no ataque foi um dos grandes problemas do Tupi na criação de jogadas. A equipe estava “espalhada” em campo, o que dificulta tabelas e jogadas rápidas.

 

 

O Tupi tentou iniciar a segunda etapa mais ativo e participativo. Aos 6’ minutos o lateral Ygor centralizou e chutou forte da intermediária. Genalvo continuou distribuindo bem a bola, mas a posse continuava lenta e o Galo tinha grande dificuldade em ameaçar o adversário. Então, aos 16’ o treinador Felipe Surian fez uma alteração tática e técnica em sua equipe: saiu Paulinho e entrou o garoto Rafael Assis. Taticamente, o Tupi ficou desenhado num 4-3-3:

 

Aos 16’ da segunda etapa Surian postou o time num 4-3-3 ousado, mas que não significou volume de jogo ofensivo pelo pouco apoio dos laterais e pela insistência do Carijó em jogar pelo meio, congestionado pela marcação da Caldense. Tirando Genalvo, que também caiu muito na etapa final, meio de campo teve atuação apática e o ataque quase não produziu, principalmente pela má atuação de Cassiano e pela falta de ritmo visível de Ademilson, que tentava compensar com a raça de sempre.

 

 

A Caldense entrou na segunda etapa para empatar. Diferentemente da primeira etapa, a Veterana recuou a equipe e compactou a marcação pelo meio, o que dificultou ainda mais o apático Tupi, que pouco tentava agredir o adversário. Quanta lentidão e insistência de jogar pelo centro. Cassiano ficou várias vezes mano a mano com o lateral e não recebeu a bola, muito menos a ultrapassagem do lateral direito Maguinho, outro que esteve muito apagado no duelo.

Sabendo que o técnico Paulo Cezar Catanoce ficaria satisfeito com o empate, Surian resolveu tentar outras formas de colocar o Tupi mais ofensivo. Além de tirar Maguinho com câimbra e colocar o lateral reserva, o comandante Carijó tirou Hugo e colocou Alonso na lateral esquerda, transferindo Ygor para o meio de campo. De nada adiantou. Como muito bem colocado por Ricardo Wagner, “o Tupi tinha a posse, mas não tinha competência”.

 

 

Flagrante tático do 4-3-3 montando por Surian na segunda etapa. Os atacantes até tentaram inverter de posição, como na foto, mas a lentidão na transição parece não ter dado sono somente no torcedor, ficando o ataque também impregnado, apático e pouco produtivo.

 

 

Outra colocação de Ricardo, ecoada pelos ouvintes, foi que o Galo nessa partida, assim como na melancólica Série C do ano passado, “se arrastava em campo como um time sem alma”. O segundo tempo foi horrível, conseguindo piorar muito o que tinha sido a deprimente etapa inicial. O Galo ficou inerte e aceitou a marcação do adversário, se negando a jogar pelos lados e rifando a posse de bola em ligações diretas totalmente improdutivas. As vaias ao final da partida foram adequadas para o “espetáculo”.

Tirando alguns raros cruzamentos perigosos para a área, o Tupi quase nada produziu no segundo tempo. Parecia estar sendo campeão do mundo com o resultado, tamanha e visível era a complacência com o sistema defensivo do adversário. O pior de tudo é a fragilidade da Caldense. Equipe tradicional do futebol de Minas, assim com o Carijó, a Veterana trouxe a Juiz de Fora uma equipe organizada, mas muito fraca tecnicamente e descompactada na defesa.

Ao final do jogo, em entrevista à Rádio Globo, Surian declarou que “ficou difícil no segundo tempo porque eles vieram com o propósito de empatar”. Também disse ter gostado do sistema defensivo e destacou a atuação de Genalvo. Outro ponto comentado pelo treinador do Tupi foi o isolamento de Ademilson, aduzindo que o jogador ficou mais na frente porque a intenção era “abrir o jogo”, se referindo aos posicionamentos de Paulinho e Cassiano.

Somente comentando o que foi colocado por Felipe Surian: o outro time ter entrado para empatar não é desculpa para a apatia morrinhenta do Tupi; não acho que o sistema defensivo foi bem, salvando-se apenas o goleiro Jordan (melhor em campo). Assim como Ivan Costa, enxerguei a defesa afoita e jogando em linha; por fim, jogar no 4-2-3-1 e com meias abertos não significa centroavante isolado. Muito pelo contrário: um dos benefícios do 4-2-3-1 bem executado é a aproximação constante ao número 9, que pode ser feita pela linha de três meias e pelos laterais. O problema, é que faltou tudo para o Galo nessa partida.

Apesar de ser apenas a segunda partida, começa, novamente, a acender a luz vermelha no terreiro do Galo Carijó. O próximo desafio é contra o Boa Esporte em Varginha, time que sempre complica para o lado do Tupi. Vamos torcer para que o Galo se acerte, pois só assim conseguirá conquistar a primeira vitória no torneio. Gostaria de agradecer, mais uma vez, ao nosso Super Repórter Ricardo Wagner, que novamente abriu as portas da Rádio Globo para mim. Assistir e comentar o jogo lá de cima, na melhor transmissão de futebol do Brasil, é algo inexplicável. Saudação Carijó! Abraço!

 

 

Novamente o prazer de comentar a partida pela Rádio Globo ao lado de Ricardo Wagner, Ivan Costa, Chico Cícero e os trepidantes Marco Aurélio e Bruno Ribeiro. Só faltou a vitória do Tupi.

 

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira

 

Tópico: TUPI 0 x 0 CALDENSE: JOGO FRACO TECNICAMENTE E EMPATE JUSTO

Obrigado!!!

Victor Lamha de Oliveira | 23/02/2013

Gostaria de agradecer a todos que participaram dessa análise aqui no Painel Tático, mais uma vez prestigiando a página! Obrigado amigos! Esse post foi muito acessado e credito esse sucesso à participação de vocês!!! Valeu! Abraços!

Respeito

Fernando ayupe | 17/02/2013

Parabéns a nova administração do estadio que mostrou que tem respeito com jornalistas e torcedores. Sabemos que ainda falta muito mas ja deu pra sentir que aquela baderna que tinha no estadio acabou. Muito bom! Quanto ao time o trabalho ta no inicio.

Tá começando...

Kiko Halfeld | 17/02/2013

Apesar da fraca apresentação no último jogo, o Tupi mostrou evolução em referência ao futebol apresentado em Sete Lagoas em jogo válido pela 1° rodada do mineiro, quando empatou em 0x0 com o Villa Nova.
As modificações profundas realizadas no elenco carijó da temporada 2012 para a 2013 contribuiram muito para isso, no entanto não devemos esquecer que ano passado perdemos os 3 primeiros jogos e mesmo assim chegamos as semi-finais do mineiro. Só acredito que o Rafael TEM que ser titular, o garoto tem muita categoria e o galo precisa aproveitar de sua velocidade e habilidade no primeiro tempo e já matar as próximas partidas desde o início.

Luz Vermelha, azul, verde...

Aloysio Guedes | 17/02/2013

Parabéns Vitor, comentários e analises perfeitos. notamos que os torcedores estão se envolvendo, mas é verdade que o desânimo vai bater rápido, sem time, sem torcedores, sem time, sem renda e patrocinio, mas vamos torcer como sempre.... Valeu.

Tupi X caldense

Renato Berg | 17/02/2013

Vitor , parabéns pelas seus comentários, vi tb o tupi um time sem (Liga) sem os passes curtos e rápidos, p/ os contra ataques , o tupi estava sem aquela vontade de vencer, "alma carijó" na defesa Jordan p/ mim o melhor c/ 2 boas defesas, os defensores as vezes jogando em linha., e lentos na saída de bola , muitos chutões, apenas regulares, toledo voltando muito o jogo, Hugo lento e fora de forma, Cassino muito indeciso( chutar ou cruzar), Ademilson fora de posição, perdeu 1 gol claro, o restante regulares, as substituições não apresentaram resultados,no 2º tp. a Caldense se fechou mais e o goleiro fez muita cera p/ segurar o empate , e o tupi ficou c/ pouca ação no jogo, ou seja perdemos 2 pontos, pois em casa contra times assim temos que vencer, não podemos dar tanto mole assim ., vamos esperar que na próxima partida o Tupi se encontre em campo coragem tupi, o C.M .já começou !!!

Painel tático

João Delvaux | 17/02/2013

Vitor,
Primeiramente, gostaria de cumprimentá-lo pelo seu comentário, isento e inteligente. Nas suas observações ficou bem claro o que nós, torcedores, teremos que deglutir daqui para a frente. Queira Deus que nâo esteja se desenhado uma réplica da série "C", quando o Tupi contratou um sem número de jogadores que nada acrescentaram e, sequer, conseguiu um atacante de qualidade.
Realmente, é uma situação preocupante.

Tupi x Caldense

Lucas de oliveira | 17/02/2013

Hoje em casa pude observar o quanto o time ainda esta sem entrosamento,na lateral direita felipe preferiu entrar em campo com maguinho,que na minha opinião foi errada essa escolha,ja que tinhamos no banco o lateral Thiago Ryan(não sei se estava em condições de jogar o tempo todo),já o meio campo estava sem movimentação ou sem opções para quem ter que movimentar a bola,pois esta bem claro que com Ademilson e Cassiano,seremos sérios condidatos ao rebaixamento,Ademilson por vários motivos já ão da mais,esta começando a estragar a história que construiu,e Cassiano chega de teste,ele já provou que não tem condições de ser titular do tupi.No mais é ter paciencia e apoiar muito para que ainda nesse mineiro consigamos à formação ideal para o time.

Tupi x Caldense (2)

Fabio Ricardo - RJ | 17/02/2013

Caro Victor, você ainda é um herói por ainda tentar "desenhar" essa coisa horrível que pude ouvir do jogo. Sinceramente, eu às vezes já nem tenho mais paciência. Às vezes dá vontade de nem ligar o rádio e ficar sabendo do resultado só depois, mas o coração de torcedor não deixa. Será que vamos ter que ficar nos contentando com os maus resultados dos outros pra falar que somos os "menos piores"?... Tenham piedade de nós!!!

Tupi x Caldense

Fabio Ricardo - RJ | 17/02/2013

Como na maioria das vezes, devido às minhas condições "geográficas", acompanhei o jogo pelo rádio, e pelos comentários do Ivan Costa (pela Rádio Globo) fiquei sabendo que a defesa do TUPI estava jogando em "linha". O curioso é que na única foto (acima) em que você mostra nossa defesa, podemos observar exatamente isto. Será coincidência, ou o Ivan Costa estava realmente com razão? Pelo amor de Deus, nem zagueiro de roça joga mais assim em pelada. Quanto ao ataque... "Cuma"?... Ata o quê?... Acho que, talvez tenhamos que contratar mais um... "GOLEIRO". Ah, vão se catar!

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