BAYERN (3) 1 x 1 (4) CHELSEA: BLUES CONSAGRAM SUA PROPOSTA DE JOGO COM O TÍTULO DA CHAMPIONS

19/05/2012 19:56

 

O título do Chelsea foi a consagração de uma proposta de jogo adotada por Di Matteo desde o primeiro duelo com o Barcelona pela semifinal da Liga dos Campeões. Creio que o treinador italiano “achou” essa esquemática após ter que usá-la contra um adversário reconhecidamente superior. Ciente de que para passar pelo time de Guardiola, a solução seria fechar os espaços e partir no contragolpe, armou um esquema que transformou seu 4-2-3-1 em uma espécie de 4-1-4-1 (ou 4-5-1) que marcava com nove jogadores. Após a tática derrubar o maior gigante do futebol mundial, exemplo de futebol fino e vencedor, não hesitou o treinador italiano em repetir a estratégia contra o habilidoso e ofensivo time do Bayern. Esse foi o desenho tático inicial do duelo, que se manteve por praticamente toda a partida (quando Müller abriu o placar para os Bávaros, aos 38 da segunda etapa, táticas e estratégias foram totalmente alteradas). O Chelsea veio compactado num vigoroso 4-1-4-1 e o Bayern no seu costumeiro 4-2-3-1:

 

 

O esquema de encurtamento dos espaços, com o escopo de truncar a partida, deu certo na primeira etapa. O time alemão partiu no ímpeto e, de certa forma, pressionou o Chelsea. Nada de muito perigoso. A partir dos 30 minutos da etapa inicial, os Blues colocaram a bola no chão e tomaram as rédeas da partida. Mesmo com um time ofensivo, com Kroos e Schweinsteiger de volantes, o Bayern não conseguia adentrar com objetividade o ferrolho defensivo inglês. Com sua proposta estratégica e tática, que dificultou a vida de Guardiola, o time azul agora freava a equipe alemã, impondo seu ritmo ao jogo.

Entretanto, no segundo tempo, Heynckes empurrou o Bayer para frente, alterando o posicionamento de Müller. Como o Chelsea retirou o espaço ofensivo de seu time, compactando duas linhas de quatro e um volante na marcação, o treinador alemão liberou Müller para jogar aberto com Robben pela direita, como uma espécie de segundo ponta. Como o Chelsea atacava com poucos jogadores, não tinha a necessidade da equipe jogar com dois volantes. Schweinsteiger e Kroos passaram a alternar na criação das jogadas, passando o time bávaro a jogar praticamente num 4-2-4, tudo para furar o truncado 4-1-4-1 dos Blues. Com muita persistência e aplicação tática, justamente ele, Müller, completou o cruzamento de Schweinsteiger e abriu o placar aos 38 minutos da etapa final.

Com o gol, faltando somente 10 minutos de jogo, duas alterações foram feitas. No Bayern, Heynckes tirou Müller e colocou Van Buyten para fechar o meio. Já Di Matteo tirou Kalou e colocou Fernando Torres. Como já havia colocado Malouda no lugar de Bertrand, aos 27 da segunda etapa, o time inglês voltou a jogar num híbrido 4-2-3-1/4-1-4-1, que atacava, mas também não abria mão de duas linhas de quatro na marcação. O time alemão tentou se fechar com três volantes, numa espécie de 4-3-2-1, mas Drogba conseguiu o que parecia ser impossível, e empatou de cabeça, após cobrança de escanteio, aos 43 da etapa final. Esse foi o desenho tático do final da partida e que perdurou pela prorrogação:

 

 

Com o espelhamento dos sistemas táticos, o jogo se equilibrou e o Chelsea foi até melhor na prorrogação. O Bayern era mais incisivo, mas o controle da partida passava pelos pés do Chelsea. Após 30 minutos de duelo na prorrogação, os jogadores, exauridos fisicamente, partiram para uma emocionante disputa de pênaltis. Mais uma vez Cech, que já havia defendido pênalti batido por Robben, aos 4 minutos do primeiro tempo da prorrogação, impôs sua competência e foi herói da referida disputa.

Creio que o fator decisivo da partida foi o êxito da proposta de jogo aplicada pelo Chelsea durante quase 90 minutos de disputa. Assim como fez com o Barcelona, encurralou o ofensivo e superior time do Bayern num exaustivo esquema de marcação e apostou na velocidade do contragolpe, na estrela de Drogba e nos milagres de Cech. Após controlar o jogo, segurando o 0 x 0 até os 38 minutos da segunda etapa, mesmo após levar o gol, remontou-se no seu 4-2-3-1 e saiu para a partida, já enfrentando um adversário detonado pelas circunstâncias do duelo. Com certeza foi uma bela partida, sendo o Chelsea merecidamente campeão por impor sua proposta, sua tática, seu esquema. Como dito no título do post, os Blues consagraram sua proposta de jogo com o título da Champions!

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira