BRASIL 1 x 1 COLÔMBIA: KAKÁ JOGA COMO SEGUNDO ATACANTE

15/11/2012 02:59

 

Na milésima partida da brilhante trajetória da Seleção Brasileira, a Colômbia, como esperado, endureceu a disputa e o empate acabou sendo um resultado justo para esse jogo disputado e pouco brilhante no aspecto técnico. No plano tático, não tivemos nenhuma novidade, vindo às duas equipes postadas no 4-2-3-1. Apesar de jogarem no mesmo esquema, as estratégias e o grau de padrão tático foram diferenças visíveis no tablado. Abaixo, o painel da partida no primeiro tempo:

 

Brasil e Colômbia no 4-2-3-1: Seleção veio com Thiago Neves bem aberto pelo flanco esquerdo, cumprindo a mesma função tática que desempenha no Flu, ou seja, encostando-se aos volantes para auxiliar na marcação. Oscar ficou pela direita e centralizou bastante, trocando várias vezes de posição com Kaká, que foi escalado, praticamente, como um segundo atacante. Na Colômbia, uma execução mais uniforme do esquema da moda, com Rodríguez centralizando e Martínez mais agudo com Cuadrado pela direita.

 

 

O Brasil tentou marcar a saída de bola e trabalhou bastante as trocas de posição entre Oscar e Kaká, com Thiago mais preso na esquerda. Aos 23 minutos, Neymar recebeu ótima bola de Daniel Alves e, na cara do gol, conseguiu cabecear em cima do goleiro Ospina. Nessas horas sentimos a falta que faz, dentro da área, um centroavante de ofício. Dessa vez Mano colocou Kaká para jogar da mesma forma que atua, quando entra, pelo Real Madrid, mais próximo da área como segundo atacante.

Aos 30 minutos, quase que o craque do Real fez um golaço tocando de cobertura. A bola caprichosamente tocou o travessão, impedindo um belo gol do Brasil. Thiago marcou muito, como no Fluminense, o que também fizeram Paulinho e Ramires, muito bem no desarme. A Seleção fez um bom primeiro tempo, tocando bem a bola e impedindo a Colômbia de explorar sua força ofensiva. O gol colombiano, marcado por Cuadrado, saiu aos 44 minutos, numa bobeira pelo flanco esquerdo da defesa canarinho.

 

 

Inversão de Oscar com Kaká. No detalhe, o jogador do Chelsea vem pensar o jogo pelo centro, enquanto o jogador do Real infiltra pela direita para receber a bola. No primeiro tempo a inversão foi constante, o que não se repetiu na segunda etapa. Percebam Thiago Neves bem aberto, “alargando” a defesa adversária para que sobre espaço para o trio de craques do Brasil.

 

 

A entrada de Thiago Neves compondo uma linha no meio, tentando fazer o mesmo papel que Di Maria cumpre na Argentina, equilibrou o setor de meio e deu mais liberdade para o trio de craques Oscar, Kaká e Neymar. Entretanto, fica perceptível que Mano, convicto quanto ao esquema, está em dúvida quanto a estratégia a ser aplicada. Se no primeiro tempo o time teve um 4-2-3-1 com Kaká quase como segundo atacante, invertendo sistematicamente com Oscar, no segundo tempo ficou quase que explícito um típico 4-4-2 britânico:

 

Brasil na segunda etapa (jogou assim até os 27 minutos, quando Lucas entrou na vaga de Thiago Neves): a formação da linha de meio, mais sutil no primeiro tempo, ficou plenamente visível na etapa complementar. As inversões entre Kaká e Oscar não se repetiram.

 

 

Flagrante da primeira etapa: Linha de quatro no meio com Neymar e Kaká soltos pelo centro. No segundo tempo a execução do 4-2-3-1 se aproximou ainda mais do 4-4-2 inglês.

 

 

Jogando no 4-4-2 em linhas no segundo tempo, o Brasil sofreu bastante com o time colombiano, que partiu para ganhar o jogo. Mesmo não jogando bem, Neymar fez grande jogada pela esquerda e empatou a partida aos 19 minutos, fazendo mais um gol com sua assinatura de craque. Após o gol brasileiro a Colômbia adiantou o time foi jogar no campo brasileiro, o que diminuiu consideravelmente o volume de jogo ofensivo do time de Mano. Com Oscar sumido pela direita e Thiago Neves visivelmente cansado, aos 27 minutos o técnico do Brasil desmontou as linhas e postou o time num simétrico 4-2-3-1:

 

Mano pensou em colocar Damião no lugar de Thiago Neves. Porém, quando ia fazer a substituição, Neymar empatou em lance individual. O treinador segurou a alteração e só mudou aos 27 minutos, colocando Lucas e postando o Brasil num típico 4-2-3-1 sem referência fixa.

 

 

Aos 35 minutos, Paulinho deu belo toque de calcanhar para que Daniel Alves infiltrasse. Ao penetrar na área, o lateral foi derrubado por Armeiro. O juiz marcou pênalti, mas Neymar isolou a bola, mandando muito longe da baliza de Ospina. A Colômbia, nesse momento, finalizava mais que o Brasil e parecia não temer a derrota, buscando a vitória e assustando com frequência. Oscar, sacrificado taticamente, acabou saindo para a entrada de Giuliano. Acho que o meia do Chelsea cumpriu bem a transição defensiva da linha de meio, faltando mais participação, sobretudo na segunda etapa, na transição ofensiva.

Apesar de não ter vencido, creio que o Brasil jogou bem, sendo esse duelo um verdadeiro teste para a equipe de Mano Menezes. Começamos a enxergar, dois anos depois, resquícios de padrão tático e a formação de uma equipe competitiva. O jogo foi bom e dinâmico, o que demonstrou, mais uma vez, que Kaká tem condições de atuar por toda partida, sendo a reserva no Real apenas uma opção de Mourinho. A Seleção não está brilhante, mas parece querer rumar para o lugar certo. Não vou comemorar empate com a Colômbia, mas me agradou a consistência da apresentação brasileira. Vamos aguardar o processo de desenvolvimento dessa equipe. Abraço!

 

 

 

 

 

Victor Lamha de Oliveira